'Silenciavam qualquer um que discordasse': ex-funcionários da BBC descrevem sua cultura corporativa

Fontes anônimas denunciaram contratações injustas e convenientes à direção da empresa em nome da agenda de diversidade, enquanto o trabalho jornalístico era sufocado para corresponder a narrativas progressistas.

O recente escândalo envolvendo a emissora britânica BBC ganhou novos contornos diante dos relatos de dois ex-funcionários que descreveram a cultura da empresa, destacando seu foco à agenda da diversidade em desfavor da ética profissional. 

Entrevista pelo jornal britânico The Telegraph, um dos ex-funcionários da BBC afirmou que o ambiente na empresa se assemelhava a "uma conspiração de esquerda".

"Eles falavam incessantemente sobre diversidade de opiniões, mas silenciavam qualquer um que discordasse deles", revelou anonimamente. "Se você não fizesse parte do grupo mais progressista e de esquerda, suas oportunidades de ascensão profissional eram limitadas. Eu percebi isso em entrevistas – qualquer pessoa que não se encaixasse nessa agenda podia ser facilmente descartada da lista de candidatos."

Autoritarismo da diversidade

O informante do The Telegraph ainda revelou que, conduzindo seus programas de diversidade, os gestores tendiam a privilegiar empregados internos desqualificados para posições cobiçadas sem seleções justas e ainda escolhiam candidatos que não representassem uma ameaça aos cargos dos superiores.

"Os gestores brancos sentiam-se à vontade para celebrar uma versão da diversidade que não os 'desafiava'. Essa foi certamente a minha observação."

Os ex-funcionários também comentaram sobre o conteúdo produzido pelo veículo de comunicação. Segundo as fontes, a paranoia com a percepção social negativa de disciplinar ou vetar trabalhadores jovens e minorias tornou a companhia uma "câmara de eco", onde publicações eram enviesadas por narrativas progressitas predeterminadas, sufocantes para o trabalho jornalístico.

"Culturalmente, também se tornou um lugar onde você sentia que tinha que se desculpar por ser branco e de classe média", comentou uma das fontes. "Nunca trabalhei em nenhum outro lugar onde as pessoas se desculpassem tanto por serem quem eram", disse ele.

Crise na BBC

A BBC enfrenta uma crise após a denúncia do jornal britânico The Telegraph, que apontou a edição de declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um documentário exibido antes das eleições de 2024. Um dossiê publicado no início de novembro pelo jornal disponibilizou uma carta do ex-jornalista Michael Prescott ao conselho da empresa, onde ele expressa preocupação com a adulteração tendenciosa contra o presidente americano, então candidato.

"Este foi um dos conjuntos de problemas mais chocantes descobertos durante meu período no EGSC. Se jornalistas da BBC tiverem permissão para editar vídeos a fim de fazer as pessoas "dizerem" coisas que nunca disseram, então qual é o valor das diretrizes da emissora, por que deveríamos confiar na BBC e onde tudo isso vai parar?"

O canal admitiu o erro e informou a saída do diretor-geral Tim Davie e da chefe de notícias, Deborah Turness.

Em comunicado interno, Tim Davie disse que sua decisão foi "pessoal" e agradeceu à direção da emissora "pelo apoio inabalável durante todo o mandato". Já a equipe de Trump considerou o episódio como "prova de que a BBC é 100% fake news".