O ministro da Defesa da Venezuela, Vladimir Padrino López, afirmou na terça-feira (11) que "a paz no Caribe está sendo ameaçada" por uma mentira supostamente "fabricada no Departamento de Estado dos EUA".
"A paz no Caribe está sendo ameaçada por uma mentira fabricada no Departamento de Estado para desviar a atenção de graves problemas internos nos EUA. Eles continuarão com suas falsidades, inconsistências e rancor contra a Venezuela. Da nossa parte, haverá mais trabalho, mais união e mais amor pela nossa pátria", escreveu o ministro em seu canal no Telegram.
Em vídeo, Padrino López declarou que "qualquer mentira fabricada dessa natureza não dura 48 horas" e que, como "tudo isso desmoronou", Washington enfrenta "contradições e precisa consertar a armadilha em que caiu", em referência ao destacamento militar mantido pelos Estados Unidos em águas caribenhas há 14 semanas, descrito por Caracas como uma "ameaça".
"Todo esse destacamento no Mar do Caribe, além de ser uma demonstração vulgar contra a soberania, a paz e a região de paz que nós, latino-americanos e caribenhos, declaramos ser, foi unanimemente rejeitado em todo o mundo", disse.
O ministro afirmou que o governo venezuelano tem a obrigação de defender o país e está se preparando para isso.
"Estamos fazendo o que nos é exigido. O que eles [os EUA] querem fazer lá — o Congresso deles, o governo deles, as instituições deles, o Estado paralelo deles, o establishment deles, os falcões deles, as forças militares deles — isso é problema deles", concluiu.
Agressões por parte dos EUA
- Desde agosto passado, os EUA enviaram navios de guerra, um submarino, aviões de combate e tropas para as costas da Venezuela, com o alegado pretexto de "combater o narcotráfico". Desde então, realizaram vários bombardeios contra supostas lanchas de narcotraficantes no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico, que deixaram dezenas de mortos.
- Paralelamente, Washington acusou o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, sem provas ou fundamentos, de liderar um suposto cartel de tráfico de drogas. Neste contexto, a procuradora-geral dos EUA, Pam Bondi, duplicou a recompensa por informações que levem à sua prisão.
- Em meados de outubro, Trump admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém pode acreditar que a CIA não está operando na Venezuela há 60 anos? Alguém pode crer que a CIA não conspira há 26 anos contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim?".
- As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, questionando a verdadeira razão das operações.
- Essa postura também foi defendida pelo representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vasili Nebenzia, que em uma reunião do Conselho de Segurança afirmou que as ações dos EUA no Caribe não são exercícios militares comuns, mas uma "campanha descarada de pressão política, militar e psicológica contra o governo de um Estado independente".
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios perpetrados pelos EUA contra pequenas embarcações, que deixaram mais de 60 pessoas mortas.
- Os bombardeios contra barcos de pequeno porte também foram repudiados pelos governos da Colômbia, México e Brasil, bem como por especialistas da ONU, que apontaram que se trata de "execuções sumárias" contrárias ao que consagra o direito internacional.