Lavrov aconselha EUA a concentrarem 'guerra às drogas' em país da OTAN que 'está se tornando um narcoestado'

"Já há tropas americanas e outras lá. Não será necessário perseguir barquinhos com três pessoas a bordo", declarou o ministro das Relações Exteriores russo.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, sugeriu aos Estados Unidos que se dediquem a erradicar o tráfico de drogas na Bélgica, em vez de na Venezuela, durante coletiva de imprensa nesta terça-feira (11).

"Em vez de se ocupar com a Nigéria ou a Venezuela na luta contra as drogas e, a propósito, apoderar-se de seus campos petrolíferos, provavelmente seria mais conveniente para os Estados Unidos combater esse fenômeno na Bélgica", sugeriu o chanceler, respondendo a perguntas de jornalistas. "Além disso, já há tropas americanas e outras lá. Não será necessário perseguir barquinhos com três pessoas a bordo", acrescentou.

No início de novembro, a imprensa revelou como os cartéis de drogas se infiltraram em todas as esferas da administração do país europeu, criando um sistema corrupto que ameaça a vida da população civil e dos funcionários que se recusam a se juntar dele.

"Não levará a nada de bom"

Lavrov ressaltou que a estratégia de Washington em relação ao país latino-americano não trará resultados positivos.

"A linha que o governo Trump escolheu em relação à Venezuela não levará a nada de bom. Não irá melhorar a reputação de Washington perante a comunidade internacional", afirmou.

Agressões dos Estados Unidos

Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela alegando o suposto objetivo de combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostas lanchas transportando drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.

Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.

Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.

As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.

Essa posição também foi adotada pelo Representante Permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vasily Nebenzia, que declarou em uma reunião do Conselho de Segurança que as ações dos EUA no Caribe não são exercícios militares comuns, mas sim uma "campanha flagrante de pressão política, militar e psicológica contra o governo de um Estado independente".

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türkcondenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. 

Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como ColômbiaMéxico e Brasil, bem como por peritos da ONU, que afirmaram tratar-se de "execuções sumárias", violando o direito internacional.