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Especialistas avaliam repercussões do torpedo Poseidon, a nova arma russa do 'Juízo Final'

O sistema de propulsão nuclear desta arma submarina desafia as capacidades atuais de defesa nacional e assegura a dissuasão nuclear da Rússia, apontam avaliações.
Especialistas avaliam repercussões do torpedo Poseidon, a nova arma russa do 'Juízo Final'Ministério da Defesa da Rússia

O torpedo "Poseidon", codificado como "Kanyon" pela OTAN, anunciado pelo presidente russo Vladimir Putin, no fim de outubro de 2025, após testes bem-sucedidos de sua versão submarina, está gerando reações internacionais e provocando avaliações de especialistas.

A tecnologia deste drone submarino, desenvolvida desde 2010 e revelada publicamente por Putin em 2018, é alimentada por um sistema de propulsão nuclear que permite o controle remoto em alcance virtualmente irrestrito, mobilizando uma capacidade destrutiva ímpar. A introdução desse sistema transforma a balança de poder mundial no prospecto de uma guerra marítima e destaca a intenção da Rússia de fortalecer sua presença no domínio naval.

"O torpedo possui uma velocidade subaquática tremenda, tornando-o praticamente invulnerável a interceptações", avaliou Alexey Podberezkin Ivanovich, diretor do Centro de Estudos Político-Militares do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou (MGIMO), em entrevista ao Rambler. "Com seu poder, ele pode simplesmente explodir a certa distância da costa, causando um tsunami que poderia, por exemplo, destruir uma base aérea inteira", completou.

Sua capacidade dissuasiva inigualada foi ressaltada por Janus Putkonen, analista geopolítico e jornalista finlandês, em entrevista exclusiva à agência TASS. Putkonen afirma que a tecnologia é uma evidência da "superioridade militar" da Rússia, "operando tecnologias de quinta geração e desenvolvendo tecnologias de sexta" enquanto o Ocidente utiliza "tecnologias de terceira", qualificando a priorização russa para capacitação estratégica em momentos históricos de provocação externa.

"Devemos lembrar que a Rússia nunca quis desenvolver essas tecnologias de guerra de sexta geração. Entretanto, quando a OTAN começou a se aproximar das fronteiras russas, o país foi forçado a implementar esses programas. A superioridade militar russa em todos os setores-chave é inequívoca”, disse.

O analista militar da revista Natsionálnaya Oborona ("Defesa Nacional"), Igor Korotchenko, também ressaltou em entrevista exclusiva à TASS que a tecnologia do Poseidon não está incluída nos tratados atuais de controle de armas estratégicas ofensivas, como o START III, e portanto não sofre restrições por estes acordos.

"Isso incentivará os EUA a estabelecerem alguns contatos práticos e a normalizarem as relações com Moscou nas esferas militar e política", observou Korotchenko, referenciando-se à proposta do governo russo a Washington acerca da prorrogação do Tratado New START por mais um ano, apresentada em setembro e ainda não endereçada pelo governo americano.

Capacidades inigualáveis

Durante uma visita ao Hospital Clínico Militar Central P.V. Mandryka do Ministério da Defesa da Rússia no fim de outubro deste ano, junto ao ministro de defesa Andrei Belousov, o presidente russo comentou a militares as conquistas recentemente alcançadas com os testes do modelo.

"Pela primeira vez, conseguimos não só lançá-lo de um submarino usando seu motor auxiliar, mas também acionar o sistema de propulsão nuclear, que o alimentou por um certo período de tempo", revelou Putin na ocasião. "Sua velocidade e profundidade são incomparáveis ​​no mundo, e é improvável que surja algo semelhante em breve, e não existem métodos de interceptação disponíveis."

O "supertorpedo" pode se deslocar entre 110 e 130 km/h, operar a mais de 1 km de profundidade e transportar uma carga de até 2 megatoneladas de TNT. Sua autonomia é praticamente ilimitada, pois depende apenas da vida útil do combustível nuclear, tornando-o "indefinido" em alcance.

As características atribuídas ao torpedo representam um desafio concreto a sistemas modernos de defesa nacional, como enfatizou a revista Modern Diplomacy. "Acredita-se que opere em profundidades que tornam extremamente difíceis, senão impossíveis, a detecção e o combate com a atual tecnologia antissubmarino", afirma a publicação.

"Em resumo, o Poseidon não é apenas um novo torpedo; é um drone submarino de nível estratégico, armado com ogivas nucleares, projetado para ser imparável, capaz de contornar todas as defesas existentes e ameaçar alvos costeiros com destruição catastrófica e radioativa, garantindo assim a dissuasão nuclear da Rússia."