Alterações no PL antifacção podem travar investigações da PF, alertam governo e judiciário

Uma fonte do Judiciário classificou a medida como "semi-blindagem", comparando-a à PEC da Blindagem. "Querem tirar da PF a investigação do fluxo financeiro e da lavagem das facções. Todas as facções, inclusive as de colarinho branco", disse.

Integrantes do governo federal, da Polícia Federal (PF) e do Judiciário avaliam que as alterações no Projeto Antifacção, propostas pelo relator Guilherme Derrite, vão retirar da PF e dos tribunais superiores a condução de investigações sobre emendas parlamentares, lavagem de dinheiro e fluxos financeiros de facções, incluindo as de "colarinho branco", informou o g1 nesta terça-feira (11).

Segundo avaliação interna citada pelo veículo, o texto negociado com o presidente da Câmara, Hugo Motta, mantém restrições que podem transferir casos sensíveis para a Justiça estadual.

Pelo novo texto, a PF precisará comunicar autoridades estaduais ao iniciar apurações e não poderá mais encaminhar automaticamente processos à Justiça Federal.

Delegados e autoridades do governo afirmam que as mudanças criam um "travamento" operacional, dificultando investigações sigilosas sobre o rastreamento de dinheiro público.

Uma fonte do Judiciário classificou a medida como "semi-blindagem", comparando-a à PEC da Blindagem. "Querem tirar da PF a investigação do fluxo financeiro e da lavagem das facções. Todas as facções, inclusive as de colarinho branco", disse.

A mesma fonte acrescentou que o projeto também tornaria mais difícil o combate à lavagem de dinheiro por meio de fintechs, criptoativos e operações transnacionais.