Discurso de Lula abre a COP30; veja os principais pontos

O presidente destacou que a Amazônia "não é uma entidade abstrata" e que o bioma mais diverso da Terra é a casa de quase 50 milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas em uma área que se estende por nove países em desenvolvimento e ainda enfrenta "imensos desafios sociais e econômicos".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursou na cerimônia de abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), nesta segunda-feita (10), em Belém (PA).

Em sua fala, Lula destacou temas considerados estratégicos para a agenda climática e reforçou o papel do Brasil nas negociações multilaterais sobre o meio ambiente.

"E queria dizer para vocês que fazer a COP aqui é um desafio tão grande quanto a gente acabar com a poluição do planeta Terra. Seria mais fácil ter feito a COP no Brasil. Numa cidade acabada. Numa cidade que não tivesse problema. E nós resolvemos aceitar o desafio de fazer a COP no estado da Amazônia para provar que quando se tem disposição política, quando se tem vontade, e quando tem compromisso com a verdade, a gente prova que o homem não tem nada que seja impossível para ele", declarou Lula. 

O presidente lembrou que "há mais de 30 anos, na cúpula da Terra, os líderes do mundo se reuniram no Rio de Janeiro para debater o desenvolvimento e a proteção do meio ambiente" em um momento em que, segundo Lula, o multilateralismo vivia um "auge". 

Casa de quase 50 milhões de pessoas

Lula destacou que a Amazônia "não é uma entidade abstrata" e que o bioma mais diverso da Terra é a casa de quase 50 milhões de pessoas, incluindo 400 povos indígenas em uma área que se estende por nove países em desenvolvimento e ainda enfrenta "imensos desafios sociais e econômicos".

"Desafios que o Brasil luta para superar, com a mesma determinação com que contornou as adversidades logísticas inerentes à organização de uma conferência deste porte", disse ele. 

"Quando vocês deixarem Belém, o povo da cidade permanecerá com os investimentos de infraestrutura que foram feitos aqui para receber vocês. E o mundo poderá, enfim, dizer que conhece a realidade da Amazônia", manifestou Lula. 

Luta contra "obscurantistas"

O presidente do Brasil destacou que a COP30 será "a COP da verdade", em um momento crítico onde "na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam não só as evidências da ciência, mas também os progressos do multilateralismo". Ele acusou esses grupos de "controlarem algoritmos para semear o ódio e espalhar o medo", além de atacarem instituições, a ciência e as universidades. 

"É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas", concluiu o presidente, reforçando a necessidade de combater forças extremistas que, segundo ele, mentem para manter a sociedade presa a um modelo defasado.

Assimetrias entre Norte e Sul Global

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou assimetrias entre Norte e Sul Global e fez um apelo para que os países cumpram seus compromissos. 

"Uma tradição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o norte e o sul global", disse Lula. 

O presidente destacou ainda que a emergência climática é uma crise de desigualdade. "Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem é digno de morrer", declarou.

Ele fez um apelo para que os países cumpram seus compromissos: "Isso significa formular e implementar as contribuições nacionalmente determinadas ambiciosas, assegurar financiamento, transferência de tecnologias e capacitação aos países em desenvolvimento e dar a devida atenção, adaptação aos efeitos da mudança do clima".