O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participou no sábado (8) da cerimônia de posse do novo presidente da Bolívia, Rodrigo Paz, em La Paz. Durante o encontro, Alckmin entregou ao novo mandatário uma carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e transmitiu um convite para visita oficial ao Brasil.
Segundo o vice-presidente, a presença brasileira simboliza o desejo de "fortalecer a parceria" entre os dois países, especialmente em setores estratégicos como "energia, gás natural, fertilizantes, agronegócio, infraestrutura, hidrovias e ligações por terra".
"Representei o presidente Lula na cerimônia de posse do presidente da Bolívia, Rodrigo Paz. Nossa maior fronteira é com a Bolívia, país com o qual temos uma tradicional parceria em temas como energia e infraestrutura. ¡Buena suerte, presidente Rodrigo!", escreveu Alckmin na rede social X.
Durante coletiva de imprensa, Alckmin destacou que "há uma pauta grande de investimentos recíprocos e comércio" e demonstrou otimismo com o início do novo governo boliviano.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), chefiado pelo vice-presidente, a reunião bilateral reforçou a importância estratégica da Bolívia para o Brasil.
"De janeiro a outubro de 2025, a corrente de comércio entre Brasil e Bolívia foi de US$ 2,1 bilhões", informou a pasta, também por meio de publicação no X.
Expectativas para o novo governo boliviano
Rodrigo Paz tomou posse prometendo romper com duas décadas de domínio do Movimento ao Socialismo (MAS), de Evo Morales e Luis Arce. Ele venceu o segundo turno das eleições com 54,61% dos votos, segundo o Tribunal Supremo Eleitoral.
O novo presidente apresentou um programa voltado para reformas econômicas e institucionais. Entre suas principais propostas estão o "plano 50-50", que prevê a divisão igualitária de recursos entre o governo central e as regiões, e a criação de um modelo de "capitalismo para todos", com acesso ampliado ao crédito e redução de impostos para impulsionar o comércio.
Paz também defende reformas no sistema judiciário para combater a corrupção e afirmou ter "profunda crença nos valores cristãos", que, segundo ele, "farão parte da estrutura do país".
No campo internacional, o novo presidente propôs transformar a Bolívia em uma "zona regional de livre comércio", destacando o fortalecimento da integração com o Mercosul e o aprofundamento das relações bilaterais com o Brasil, a quem reconhece como parceiro estratégico na região.
Reaproximação com os EUA
O novo governo boliviano também marcou um gesto diplomático importante com o restabelecimento das relações plenas entre Bolívia e Estados Unidos, interrompidas há 17 anos. O anúncio foi feito pelo subsecretário de Estado norte-americano, Christopher Landau, após reunião com Rodrigo Paz.
"Vamos restabelecer as relações a nível de embaixador, como sempre deveria ser. Tem sido muito incomum não termos embaixadores em nossas capitais", afirmou Landau.
O presidente boliviano classificou a medida como parte de uma estratégia de abertura internacional.
"Isso significa retomar relações com os Estados Unidos, como faremos também com outras nações", declarou.