
'Não há espaço para meios-termos': Maduro critica presença dos EUA no Caribe durante Cúpula CELAC-UE

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, alertou neste domingo (9) sobre o "ressurgimento" da Doutrina Monroe, por meio da qual os Estados Unidos tentariam impor "mudanças de regime" em países da América Latina para se apoderar de suas "imensas riquezas e recursos naturais".
As declarações foram feitas durante a 4ª Cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) e a União Europeia (UE), que reúne líderes como o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, e o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, na cidade colombiana de Santa Cruz.
O mandatário venezuelano também condenou o envio de tropas dos Estados Unidos ao mar do Caribe sob o pretexto de ''segurança'' e ''combate ao crime'', afirmando que essas ações resultam em ''execuções'', violam ''o direito internacional'' e ''atropelam a vida humana".
O amplo deslocamento dos Estados Unidos inclui "porta-aviões de última geração, destróieres com mísseis e submarinos nucleares", disse.

"Diante de uma demonstração de força dessa magnitude, não cabem meias medidas", afirmou o presidente, alertando que "a soberania dos Estados e a livre autodeterminação dos povos" estão atualmente "em jogo". Nesse sentido, destacou que Caracas "não aceita nem aceitará qualquer tipo de tutela".
"Não aceitamos que, sob eufemismos como 'segurança' ou 'combate ao narcotráfico', se pretenda impor a velha Doutrina Monroe, que busca transformar a nossa América em cenário de invasões e golpes de 'mudança de regime' para se apoderar das nossas imensas riquezas e recursos naturais", enfatizou.
Diante desse cenário, o país latino-americano se apoia "na Doutrina Bolivariana em defesa da independência, da união e da emancipação dos nossos povos", declarou.
O presidente venezuelano fez um apelo aos líderes da região latino-americana para "unirmos nossas forças como países e, em uma só voz, exigir o fim imediato dos ataques e das ameaças militares contra nossos povos".
Apelo ao 'diálogo igualitário'
Maduro também reiterou sua "condenação" ao "bloqueio criminoso e desumano" imposto por Washington a Cuba, que, segundo ele, "viola flagrantemente o direito internacional e a Carta das Nações Unidas". O presidente ainda expressou seu "rechaço" à inclusão da ilha caribenha em "uma lista espúria de países que supostamente patrocinam o terrorismo".
Nesse contexto, exigiu o levantamento "imediato" de todas as medidas coercitivas "unilaterais" impostas contra "nossos povos", incluindo aquelas aplicadas pela União Europeia, que, "sob o disfarce de sanções individuais, acabam ferindo os direitos fundamentais dos nossos povos e dificultando seu desenvolvimento".
"A América Latina e o Caribe são povos livres que propõem relações de cooperação horizontais; exigimos coerência e respeito nas políticas voltadas à nossa região. Não aceitamos sanções como método de castigo político que viola direitos, nem a lógica de bloqueios que penalizam os povos. Reivindicamos diálogo igualitário, cooperação para a reconstrução e respeito ao direito internacional", reiterou.
Agressões dos Estados Unidos
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais.
- Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Colômbia, México e Brasil, bem como por peritos da ONU, que afirmaram tratar-se de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais. As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
