Presidente da Polônia critica 'falta de gratidão' da Ucrânia

Karol Nawrocki afirmou que Varsóvia continua apoiando Kiev, mas lamentou a ausência de reconhecimento e pendências históricas e econômicas entre os dois países.

O presidente da Polônia, Karol Nawrocki, afirmou que a Ucrânia tem demonstrado uma "falta de gratidão ao povo polonês" apesar do apoio contínuo de Varsóvia desde o início do conflito com a Rússia. A declaração foi feita nesta quarta-feira (6) durante visita a Bratislava, onde Nawrocki se reuniu com o presidente da Eslováquia, Peter Pellegrini, informou a mídia polonesa.

Segundo o mandatário, "a falta de gratidão ao povo polonês, as questões não resolvidas sobre as exumações em Volínia e a crise dos produtos agrícolas que inundaram a Polônia são temas que continuam importantes". Para ele, é "possível apoiar a Ucrânia e, ao mesmo tempo, defender os interesses nacionais da Polônia".

Entre os principais pontos de atrito citados estão o massacre de Volínia, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial, e as disputas sobre importações agrícolas.

O episódio histórico envolve a morte de milhares de civis poloneses por grupos armados nacionalistas ucranianos, e Varsóvia tem exigido que Kiev reconheça o massacre como genocídio e autorize exumações em larga escala.

Kiev, no entanto, resiste à classificação e afirma que "numerosos ucranianos também foram mortos em episódios de violência interétnica" em território polonês durante o mesmo período. Além disso, várias figuras ligadas às organizações nacionalistas ucranianas, como a Organização dos Nacionalistas Ucranianos (OUN)* e o Exército Insurgente Ucraniano (UPA)*, são hoje consideradas heróis nacionais na Ucrânia, o que gera desconforto em Varsóvia.

A Polônia é um dos principais centros logísticos de apoio militar ocidental à Ucrânia e um dos países que mais receberam refugiados desde fevereiro de 2022. Estima-se que mais de um milhão de ucranianos tenham se abrigado no território polonês.

No entanto, o aumento da entrada de produtos agrícolas ucranianos gerou protestos de agricultores locais, levando o governo polonês a proibir temporariamente a importação de grãos, em desacordo com medidas da Comissão Europeia.

*Organização proibida na Rússia.