Atravessados pelo contexto receoso em relação aos impactos da Inteligência Artificial nos mercados de trabalho, a geração Z (pessoas nascidas entre 1995 e 2010) demonstram uma resposta de adaptabilidade menos visível, porém mais ativa, segundo informações divulgadas pela agência de notícias Fast Company.
Dados da agência revelam que 70% dos membros dessa geração já questionaram a segurança de seus empregos diante de tecnologias de IA. Uma das razões para essa mudança é a perda de confiança no ensino superior.
A reportagem aponta que 65% da geração atual não vê o ensino superior como garantia de emprego. Buscando estabilidade, muitos deles optam pelas áreas de construção, saúde, educação ou outras profissões consideradas mais estáveis.
Além disso, a pesquisa apontou que 57% dos jovens têm atividades secundárias que frequentemente envolvem trabalhos manuais, sendo citadas atividades de venda e restauração de móveis como exemplo.
IA no mercado de trabalho
O levantamento da empresa multinacional de tecnologia IBM apontou que avanços em IA progrediram em ritmo lento até a explosão do ChatGPT, serviço criado pela OpenAI, que rapidamente foi seguido por outras empresas lançando Gemini, DeepSeek, Grok e afins.
Esse progresso gerou grande interesse entre empresários, que neste ano reportaram utilizar ferramentas de IA de forma ativa (88%), segundo o levantamento da empresa de consultoria McKinsey & Company.
Analistas do mercado de trabalho têm manifestado preocupação constante sobre o risco de que a adoção dessas ferramentas comprometa as oportunidades de emprego para as novas gerações.
Essa questão foi levantada por uma pesquisa do departamento de economia da Universidade de Harvard, que alertou que novas contratações de qualificação média estão na berlinda.
Não há, até o momento, uma tendência de demissões, e a demanda por trabalho humano segue presente tanto nas atividades altamente especializadas quanto nas de baixa qualificação, impulsionadas, respectivamente, pela expertise técnica e pelo menor custo.
Entretanto, as empresas passaram a buscar amplamente especialistas em integração de IA, que trabalham para automatizar operações diárias por meio dessa tecnologia, fechando as janelas de oportunidade para aqueles que prestam serviços mais repetitivos e burocráticos.
Fim do ânimo?
Muitos, agora, reconhecem que o entusiasmo em torno da IA foi prematuro.
Um estudo do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) revelou que 95% das organizações que investiram em tecnologias de IA não receberam qualquer retorno financeiro.
Já a plataforma de análise Visier identificou que empregadores que demitiram trabalhadores diante da promessa da IA estão recontratando, o que aponta para uma tendência de "demissão bumerangue".
Embora as causas do aumento de recontratações ainda não sejam totalmente claras, a representante da companhia analítica sugeriu que os empresários podem ter demitido de forma precipitada, sem avaliar se realmente havia funções que poderiam ser substituídas.
Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com uma possível bolha de IA, que já provocou quedas nos mercados acionários globais. Analistas bancários já previram correções significativas diante da supervalorização de diversas empresas, como apontou o investidor escocês James Anderson em entrevista exclusiva ao Financial Times.
"Acho que é preciso ser honesto e admitir que esses aumentos repentinos [na avaliação] que as pessoas estavam dispostas a atribuir à OpenAI, Anthropic e similares foram desconcertantes", afirmou na entrevista. "A magnitude desse salto e a velocidade com que aconteceu me incomodaram."