Uso de drones pelo CV é 'ápice' de corrida armamentista em conflitos urbanos, diz especialista à RT

A correspondente da RT no Brasil, Michele de Mello, conversou com Roberto Uchôa, conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Ataques de drones do Comando Vermelho (CV) contra forças de segurança representam o "ápice de uma corrida armamentista" iniciada na década de 1980, declarou à RT o conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Roberto Uchôa.

Segundo Uchôa, esse tipo de armamento, em especial os drones First Person View, podem ser utilizados para "acertar blindados, agrupamento de pessoas, matar alvos, porque você pode direcionar um drone desse para uma janela, para a casa de uma pessoa, para a casa de um alvo", aumentando os riscos para a população civil.

O especialista destacou ainda que o uso de drones por facções criminosas não é um fenômeno inédito, mas o primeiro registrado contra forças de segurança.

"Na verdade, não foi a primeira vez. Foi a primeira vez contra forças de segurança. Porque, se eu não me engano, acho que em julho de 2024 já tinha sido utilizado no conflito entre o Comando Vermelho e o Terceiro Comando, ou Comando Vermelho e com milícias também. Quer dizer, já tinha essa notícia", explicou Uchôa.

Ele lembrou que a Polícia Federal já havia realizado uma operação que resultou na prisão de um militar apontado como operador de drones do Comando Vermelho, com treinamento técnico prévio para o manuseio do equipamento.

"Foi usar para o crime organizado, algo que tem acontecido há décadas, infelizmente. Mas é um movimento que já era esperado", disse.

Paralelos globais

Uchôa comparou a situação com o que ocorre em outros países da América Latina, citando México e Colômbia.

"Isso tem acontecido no México. No México, utilizaram drones com C4 e fragmentos para explodir e espalhar pregos, parafusos, estilhaços. E na Colômbia, se não me engano, também derrubaram um helicóptero com um drone. Então, eu já tinha feito esse alerta anteriormente. Falei, é questão de tempo. Porque essa corrida tecnológica que está acontecendo na Europa Oriental, de utilização de drones cada vez mais baratos e adaptados, isso vai chegar", afirmou.

O conselheiro ainda relacionou o caso brasileiro a exemplos de conflitos recentes, como entre Ucrânia e Rússia.

"Eu comentei, inclusive, que pode acontecer aqui algo como foi feito pela Ucrânia na Rússia, que foi você levar um veículo com drones, deixar lá e você atingir aeronaves em solo", alertou.