
Florestas brasileiras ajudam a irrigar plantações em seis países da América do Sul

Pesquisadores da Universidade de Estocolmo identificaram que a umidade gerada pelas florestas brasileiras contribui para as chuvas que irrigam lavouras em seis países da América do Sul. Em um estudo publicado no fim de outubro na revista Nature Water, eles destacam a importância dos "rios voadores" da Amazônia e de outros biomas do país para as safras nos territórios vizinhos.
De acordo com a pesquisa, áreas agrícolas no Peru, Equador, Bolívia, Paraguai, Uruguai e Argentina dependem dos fluxos atmosféricos gerados no Brasil para parte significativa da precipitação anual. A análise relacionou dados climáticos com produção e exportação de alimentos para medir a influência transfronteiriça da umidade.
Além de beneficiar diretamente as lavouras da América do Sul, as florestas influenciam o regime de chuvas em regiões agrícolas de 155 países, que podem depender delas para até 40% da precipitação anual.

Nesse contexto, os pesquisadores destacam que a preservação de áreas florestais situadas a montante, na direção predominante dos ventos, é essencial para mitigar riscos ao abastecimento global de alimentos:
"Esses países representam 10% das exportações globais de culturas analisadas no estudo, incluindo embarques para a Europa, Ásia, África e Oceania. Assim, as nações que importam produtos agrícolas dos países sul-americanos dependem indiretamente da umidade proveniente das florestas brasileiras", afirmou Agnes Pranindita, principal autora do estudo.
O relatório ressalta ainda uma relação de interdependência: enquanto a umidade vinda do Brasil favorece cultivos em países vizinhos, parte dos alimentos consumidos no mercado brasileiro depende das exportações desses mesmos parceiros.
O trabalho conclui que a proteção das florestas é estratégica para manter a estabilidade climática e garantir o fornecimento global de alimentos.
