Por meio de uma carta ao secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Victor Santos, o governo dos Estados Unidos se colocou "à disposição para qualquer apoio necessário" no combate à criminalidade. O documento, divulgado pelo portal CBN, foi enviado uma semana após a megaoperação que deixou 121 mortos na capital fluminense, e gerou preocupações relativas à soberania brasileira.
"Neste momento de luto, reiteramos nosso respeito e admiração pelo trabalho incansável das forças de segurança do Estado e colocamo-nos à disposição para qualquer apoio que se faça necessário. Receba, Senhor Secretário, nossos votos de força e consolo diante dessa irreparável perda", lê-se na carta, que também lamenta a morte dos policiais abatidos durante a operação.
A possibilidade de interferência de Washington no combate ao crime organizado causa preocupação em diversos setores da sociedade, especialmente diante dasfrequentes operações militares dos Estados Unidos em águas latino-americanas.
A sugestão de Flávio Bolsonaro para que forças norte-americanas atuassem na Baía de Guanabara, por exemplo, foi duramente criticada pela deputada federal e advogada Natália Bonavides, que classificou a proposta como "um crime de lesa-pátria no sentido mais profundo da palavra".
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamento, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em dezenas de mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais.
- Os bombardeios também foram criticados pelos governos de países como Colômbia, México e Brasil, bem como por peritos da ONU, que afirmaram tratar-se de "execuções sumárias", em violação ao que consagra o direito internacional.