A China "se opõe firmemente" à tentativa de intervenção dos Estados Unidos na soberania da Nigéria, sob pretexto de proteger os cristãos no país, declarou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Mao Ning, nesta terça-feira (4).
"Como parceiro estratégico global da Nigéria, a China apoia firmemente o governo nigeriano na condução do seu povo por um caminho de desenvolvimento adequado às suas condições nacionais", ressaltou a diplomata durante coletiva de imprensa.
Nesse sentido, Pequim assumiu uma postura crítica a ações de qualquer país que, usando a religião e os direitos humanos como pretexto, interfira "nos assuntos internos de outros países" e ameace outras nações "com sanções e força".
Ameaças de Trump
A relação entre os EUA e a Nigéria tensionaram-se após o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçar ordenar um ataque militar contra o país africano, caso Abuja não tome medidas para proteger a população cristã, que estaria sob ameaça de grupos extremistas.
"Se o governo nigeriano continuar permitindo o assassinato de cristãos, os Estados Unidos suspenderão imediatamente toda a ajuda e assistência à Nigéria e poderão entrar no país, agora desonrado, com toda a força do seu arsenal, para aniquilar por completo os terroristas islâmicos que cometem estas horríveis atrocidades", escreveu o mandatário norte-americano.
O governo nigeriano rejeitou veementemente as acusações de Trump, com o presidente Bola Ahmed Tinubu afirmando que elas não refletem a "realidade nacional" do país.
"Enquanto a Nigéria aprecia a preocupação global sobre direitos humanos e liberdade religiosa, essas alegações não refletem a situação no terreno. Nigerianos de todas as denominações têm vivido, trabalhado e praticado sua fé juntos pacificamente por muito tempo", declarou a Chancelaria nigeriana em comunicado oficial.
O porta-voz da presidência da Nigéria, Daniel Bwala, enfatizou que o país permanece como uma nação soberana, e que qualquer ação norte-americana deve envolver o consentimento expresso de Abuja.