O México respondeu nesta segunda-feira (3) à decisão do Peru de romper relações diplomáticas com o país, após o governo de Claudia Sheinbaum conceder asilo político a Betssy Chávez, ex-primeira-ministra do então presidente Pedro Castillo, destituído em dezembro de 2022.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que o México "lamenta e rejeita a decisão unilateral do Peru de romper relações diplomáticas como resposta a um ato legítimo e em conformidade com o direito internacional".
A chancelaria alegou que Chávez tem sido "vítima de reiteradas violações de direitos humanos como parte de uma perseguição política do Estado peruano desde sua prisão em 2023".
Segundo o governo mexicano, a decisão foi tomada com base no artigo 11 da Constituição do país, "após avaliação minuciosa e em estrita observância dos procedimentos estabelecidos", respeitando "os princípios constitucionais da política externa, o humanismo mexicano e a tradição nacional em matéria de asilo e refúgio".
O comunicado ressalta ainda que a concessão de asilo "não pode ser considerada um ato inamistoso por nenhum outro Estado". O México classificou a decisão peruana como "excessiva e desproporcional diante de um ato legítimo e conforme o direito internacional", enfatizando que a medida "de modo algum constitui uma intervenção nos assuntos internos do Peru".
Por fim, o governo reiterou sua preferência "pelo diálogo e pela solução pacífica de controvérsias", reafirmando os "históricos laços de amizade" entre México e Peru.
Entenda o "racha"
O Peru anunciou o rompimento de relações diplomáticas com o México após o governo de Claudia Sheinbaum conceder asilo à ex-primeira-ministra Betssy Chávez na embaixada mexicana em Lima. O chanceler peruano Hugo de Zela acusou o governo mexicano de fazer "declarações inaceitáveis e falsas" sobre o ex-presidente Pedro Castillo, considerado um perseguido político no México.
Chávez, última chefe de gabinete de Castillo, responde no Peru pelo mesmo crime de rebelião atribuído ao ex-mandatário.
O novo chanceler foi nomeado em outubro pelo presidente José Jerí, que chegou ao poder após a destituição de Dina Boluarte pelo Congresso. Desde a queda de Castillo em 2022, o México acusa o Peru de ter rompido a ordem constitucional, posição mantida por Sheinbaum.
Em resposta à postura mexicana, o Congresso peruano aprovou uma moção para declarar a presidente do México "persona non grata".