O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em uma entrevista neste domingo (2) ao programa "60 Minutes" da CBS News que não acredita que seu país "entrará em guerra" com a Venezuela.
"Duvido. Não acho que isso vá acontecer", disse o presidente, respondendo a uma pergunta sobre o assunto.
No entanto, Trump voltou a fazer acusações infundadas contra Caracas, alegando que o país tratou os EUA "muito mal", e não apenas em relação às drogas.
"Eles trouxeram centenas de milhares de pessoas para o nosso país que não queríamos. Pessoas das prisões. Eles esvaziaram suas prisões e as enviaram para o nosso país. Além disso, se você analisar, eles esvaziaram seus hospitais psiquiátricos e asilos nos EUA porque Joe Biden foi o pior presidente da história do nosso país", afirmou, sem apresentar qualquer prova para sustentar suas alegações.
O presidente também foi questionado sobre a possibilidade de ordenar operações terrestres em território venezuelano.
"Não estou dizendo. Quer dizer, não estou dizendo que é verdade ou mentira, mas, sabe, eu não estaria inclinado a dizer que faria isso", afirmou, acrescentando que não discute tais assuntos com jornalistas.
A verdadeira razão para os ataques
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou que seu país é vítima de "uma guerra multifacetada" orquestrada pelos EUA. O Estado venezuelano, segundo ele, está sendo alvo de uma "agressão armada para impor uma mudança de regime" e um governo "fantoche" com o objetivo de "roubar seu petróleo, gás, ouro e todos os recursos naturais".
Maduro acusou Washington de inventar "uma nova guerra eterna": "94% do povo da Venezuela é contra a ameaça militar dos EUA, é contra aqueles que clamam por uma invasão", afirmou.
Em 23 de outubro, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), a Milícia e as forças policiais da Venezuela iniciaram exercícios militares na região costeira do país com o objetivo de enfrentar ameaças externas, especialmente dos Estados Unidos.
O falso pretexto de luta contra o narcotráfico
Em meados de setembro, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comentou os relatórios de organismos como a ONU, que descartam que o país produza ou trafique drogas com destino aos Estados Unidos.
"Dizer que a Venezuela envia esse veneno para lá é mentira. Não existe uma hectare de folha de coca na Venezuela, não há laboratórios, e quando encontramos, nós os destruímos", afirmou o chefe de Estado.
As declarações de Maduro coincidem com o mais recente relatório da ONU sobre o tema, que aponta que 87% das drogas destinadas aos EUA seguem pela rota do Pacífico, especialmente vindas da Colômbia e do Equador; 8% passam pela região da Guajira, na Colômbia; e apenas 5% tentam cruzar pelo território venezuelano. Conclusões semelhantes são apresentadas no Relatório Europeu sobre Drogas 2025: Tendências e Avanços.
Da mesma forma, no National Drug Threat Assessment, relatório anual da DEA sobre o impacto interno do narcotráfico, os dados são ainda mais categóricos: a Venezuela não é mencionada como centro de cultivo, processamento ou distribuição de substâncias ilícitas.
Agressões dos Estados Unidos
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.
- As ações e pressões de Washington foram classificadas por Caracas como uma agressão, que questiona a real razão por trás das operações.
- O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, condenou os bombardeios realizados pelos EUA contra pequenas embarcações, supostamente para combater o narcotráfico, que resultaram em mais de 60 mortos. Especialistas e governos classificaram os ataques como execuções extrajudiciais.