
EUA se preparam para atacar o país mais populoso da África: o que está acontecendo?

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou no sábado (1º) ordenar um ataque militar contra a Nigéria caso o governo do país africano não tome medidas para proteger a população cristã, que estaria sob ameaça de grupos extremistas. A declaração foi feita em sua conta na rede Truth Social.
"Se o governo nigeriano continuar permitindo o assassinato de cristãos, os Estados Unidos suspenderão imediatamente toda a ajuda e assistência à Nigéria e poderão entrar no país, agora desonrado, com toda a força do seu arsenal, para aniquilar por completo os terroristas islâmicos que cometem estas horríveis atrocidades", escreveu o mandatário.
Trump acrescentou que um eventual ataque seria "rápido, brutal e contundente, tal como os terroristas atacam nossos amados cristãos!" e advertiu as autoridades nigerianas a "agir com rapidez".
O Pentágono confirmou os preparativos para a eventual ação norte-americana e lançou um ultimato ao país africano.
"O assassinato de cristãos inocentes na Nigéria - e em qualquer lugar - deve terminar imediatamente. O Departamento de Guerra está se preparando para a ação", escreveu o chefe do Pentágono, Pete Hegseth, no X.
O que acontece na Nigéria?
A Nigéria, o país mais populoso da África com mais de 220 milhões de habitantes, tem sua população dividida quase igualmente entre cristãos e muçulmanos.
A segurança nacional é constantemente afetada por diversos grupos armados, especialmente o extremista Boko Haram, que realiza ataques contra as duas denominações religiosas.
De acordo com dados do programa americano ACLED (Armed Conflict Location & Event Data Project), citados por uma reportagem do jornal britânico Independent, entre janeiro de 2020 e setembro deste ano foram registradas 317 mortes em 385 ataques contra cristãos. No mesmo período, houve 417 mortes entre muçulmanos em 196 ataques.
Governo nigeriano rejeita acusações
O governo da Nigéria rejeitou veementemente as acusações de Trump. Em comunicado oficial, a Chancelaria do país afirmou que as alegações não refletem a realidade, informou a mídia local.

"Enquanto a Nigéria aprecia a preocupação global sobre direitos humanos e liberdade religiosa, essas alegações não refletem a situação no terreno. Nigerianos de todas as denominações têm vivido, trabalhado e praticado sua fé juntos pacificamente por muito tempo", diz o texto.
O presidente do país, Bola Ahmed Tinubu, se manifestou sobre o assunto em uma publicação na rede social X e condenou as acusações.
"A caracterização da Nigéria como um país intolerante em matéria religiosa não reflete nossa realidade nacional, nem leva em conta os esforços constantes e sinceros do governo para salvaguardar a liberdade de religião e crenças para todos os nigerianos", escreveu.
