
Rússia condena 'energeticamente' o uso excessivo da força militar dos EUA em operações no Caribe

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, condenou neste sábado (1º) o uso excessivo da força militar dos Estados Unidos no Caribe contra a Venezuela, sob o pretexto de combater o narcotráfico.
"Condenamos energicamente o uso excessivo da força militar em missões antidrogras", declarou a porta-voz, ressaltando que as ações de Washington violam tanto a legislação dos EUA quanto o direito internacional.
Zakharova recordou que tais violações são reconhecidas por representantes de vários países e organizações internacionais, entre eles o secretário-geral da ONU, António Guterres, e o alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk.
Ao mesmo tempo, reiterou que Caracas conta com o pleno apoio de Moscou na defesa da soberania nacional, defendendo a preservação da América Latina como zona de paz.
"É necessário adotar medidas para reduzir a tensão e facilitar soluções construtivas para os problemas existentes, respeitando o direito internacional", concluiu.
A verdadeira razão para os ataques
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou que seu país é vítima de "uma guerra multifacetada" orquestrada pelos EUA. O Estado venezuelano, segundo ele, está sendo alvo de uma "agressão armada para impor uma mudança de regime" e um governo "fantoche" com o objetivo de "roubar seu petróleo, gás, ouro e todos os recursos naturais".

Maduro acusou Washington de inventar "uma nova guerra eterna": "94% do povo da Venezuela é contra a ameaça militar dos EUA, é contra aqueles que clamam por uma invasão", afirmou.
Em 23 de outubro, a Força Armada Nacional Bolivariana (FANB), a Milícia e as forças policiais da Venezuela iniciaram exercícios militares na região costeira do país com o objetivo de enfrentar ameaças externas, especialmente dos Estados Unidos.
O falso pretexto de luta contra o narcotráfico
Em meados de setembro, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comentou os relatórios de organismos como a ONU, que descartam que o país produza ou trafique drogas com destino aos Estados Unidos.
"Dizer que a Venezuela envia esse veneno para lá é mentira. Não existe uma hectare de folha de coca na Venezuela, não há laboratórios, e quando encontramos, nós os destruímos", afirmou o chefe de Estado.
As declarações de Maduro coincidem com o mais recente relatório da ONU sobre o tema, que aponta que 87% das drogas destinadas aos EUA seguem pela rota do Pacífico, especialmente vindas da Colômbia e do Equador; 8% passam pela região da Guajira, na Colômbia; e apenas 5% tentam cruzar pelo território venezuelano. Conclusões semelhantes são apresentadas no Relatório Europeu sobre Drogas 2025: Tendências e Avanços.
Da mesma forma, no National Drug Threat Assessment, relatório anual da DEA sobre o impacto interno do narcotráfico, os dados são ainda mais categóricos: a Venezuela não é mencionada como centro de cultivo, processamento ou distribuição de substâncias ilícitas.
Agressões dos Estados Unidos
- Em agosto, os Estados Unidos enviaram navios de guerra, um submarino, caças e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição em combater o narcotráfico. Desde então, foram realizados vários bombardeios a supostos lanchas com drogas no mar do Caribe e no Oceano Pacífico, deixando dezenas de mortos.
- Washington acusou Maduro, sem provas ou fundamentação, de liderar um suposto cartel de drogas. As mesmas acusações infundadas foram feitas contra o presidente colombiano Gustavo Petro, que condenou os ataques mortais contra embarcações nas águas da região.
- Em meados de outubro, o presidente dos EUA, Donald Trump, admitiu ter autorizado a CIA a realizar operações secretas em território venezuelano. Em resposta, Maduro perguntou: "Alguém acredita que a CIA não opera na Venezuela há 60 anos?" "Alguém acredita que a CIA não conspira contra o comandante [Hugo] Chávez e contra mim há 26 anos?", perguntou ele.

