Governador Cláudio Castro é citado em série de investigações por vínculos com o crime

Enquanto o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), ordena operações policiais de grande escala em comunidades como os complexos do Alemão e da Penha, uma série de investigações aponta para a existência de conexões entre sua administração e figuras associadas a organizações criminosas.

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Delações, reportagens e inquéritos sugerem proximidade entre o governador e aliados ligados a milícias, facções como o Comando Vermelho (CV) e esquemas de corrupção.

Castro nega qualquer infiltração do crime organizado em sua gestão atual ou em administrações anteriores.

No entanto, os registros públicos indicam uma rede de associações entre o governo estadual e indivíduos implicados em práticas ilícitas, incluindo o uso da máquina pública para favorecer grupos paramilitares e traficantes.

Delação de ex-assessor sobre participação em organização criminosa

Em 2022, Marcus Vinícius Azevedo da Silva, um ex-assessor de Castro, relatou ao Ministério Público do Rio (MP-RJ) sua participação em uma organização criminosa.

O caso foi encaminhado ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), com menção a supostos esquemas durante o período em que Castro era vice-governador. Há indícios de favorecimento a grupos criminosos em contratos públicos.

Quebra de sigilo por suspeita de corrupção e propina

Em dezembro de 2023, o STJ autorizou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Castro, sob suspeita de envolvimento em esquema de corrupção.

Um empresário afirmou ter pago R$ 100 mil em propina a Castro em troca de contratos milionários com o governo do Rio. Um vídeo mostra o governador entrando em seu apartamento com uma mochila, e R$ 128 mil foram apreendidos na casa de seu irmão. A Polícia Federal também apura indícios de lavagem de dinheiro ligada a milícias.

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Aliança com Allan Turnowski (ex-secretário de Polícia Civil)

Nomeado por Castro em 2021, Turnowski foi preso em 2023, acusado de ligação com milícias da Zona Oeste.

Ele é investigado por facilitar a expansão desses grupos por meio de políticas fiscais e isenções em áreas dominadas por paramilitares. O Fórum Brasileiro de Segurança Pública o chamou de "secretário de milícia". Após a prisão, Castro o exonerou, mas a nomeação indica proximidade.

Prisão de aliados como TH Jóias (Tiego Raimundo Silva, MDB)

Em setembro de 2025, o deputado estadual, Thiego Raimundo dos Santos Silva, TH Jóias, da base aliada de Castro, foi preso pela PF por associação ao CV.

Segundo a investigação, ele usava o mandato para intermediar o tráfico de drogas, fuzis e equipamentos no Complexo do Alemão. Fotos e eventos com Castro foram divulgados. O governador negou infiltração, mas defendeu regras eleitorais mais rígidas.

Fuga de líder do CV facilitada por secretário

Em 2021, o traficante Wilton Carlos Rabello Quintanilha, o Abelha, líder do Comando Vermelho, fugiu de um presídio pela porta da frente, cumprimentando um agente.

O então subsecretário de Administração Penitenciária, Fabiano Bortolotto, nomeado por Castro, foi responsabilizado e demitido. O episódio expôs falhas na gestão prisional e possíveis conivências internas.

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Negociações de secretários com chefes do tráfico

Em agosto de 2021, o Fantástico (Rede Globo) divulgou áudios do secretário de Cláudio Castro negociando com traficantes da Zona Norte. O então secretário foi exonerado.

Castro negou envolvimento mas o caso reforçou suspeitas de infiltração de facções na administração estadual. Lobby por refinaria suspeita de ligação com o tráfico

O governador Cláudio Castro mobilizou a PGE-RJ para obter liminar no TJRJ e desinterditar a Refinaria de Manguinhos, fechada pela PF na Operação Carbono Oculto por suspeita de lavagem de dinheiro do PCC.

A Refit, maior devedora do estado com R$ 13 bilhões em ICMS, seria elo financeiro do tráfico. O STJ cassou a decisão, e o deputado Lindbergh Farias (PT) pediu ao STF o afastamento do governador por abuso.

O caso escancara a contradição entre discurso de segurança e lobby por interesses de empresas suspeitas de integrarem o narcotráfico.