
Familiares relatam horror e violações de direitos humanos após operação mais letal do Rio

A megaoperação policial que resultou em 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte do Rio de Janeiro, segue gerando repercussão e denúncias.
A ação, realizada na última terça-feira (28), é considerada a mais letal da história do estado e faz parte da Operação Contenção, voltada ao combate à expansão territorial do Comando Vermelho (CV) em áreas metropolitanas.

Segundo informações da Polícia Civil, 2.500 agentes participaram da ofensiva, que tinha como objetivo o cumprimento de 100 mandados de prisão. A operação, no entanto, provocou críticas e questionamentos sobre violações de direitos humanos e descumprimento de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro solicitou ao STF autorização para a realização de laudos paralelos aos oficiais nos corpos das vítimas. No pedido, o órgão alega "massiva violação de direitos humanos" e cita o descumprimento da ADPF das Favelas, decisão que estabelece protocolos para reduzir a letalidade policial em comunidades.
Entre as irregularidades apontadas pela Defensoria estão a ausência de ambulâncias, o fechamento de escolas e postos de saúde, além da falta de isolamento das áreas de confronto, o que, segundo o órgão, compromete a perícia.
Em entrevista para Michele de Mello, correspondente da RT no Brasil, a defensora pública do Rio de Janeiro, Fabiana Silva, afirmou na quinta-feira (30) que o impacto da operação é "imensurável", afetando a garantia de direitos sociais como Saúde e Educação.
🗣 Defensora Pública do RJ defende política de segurança pensada a partir da favelaMichele de Mello (@MicheledeMello_), correspondente da RT no Brasil, conversou com Fabiana Silva, que destacou o impacto "imensurável" de ações letais nos territórios. pic.twitter.com/Dgt4VCAemh
— RT Brasil (@rtnoticias_br) October 31, 2025
'Não houve morte, houve tortura'
Familiares de vítimas descreveram cenas de horror durante e após os confrontos. Andrielly Gouveia de Sousa contou que o corpo do cunhado só pôde ser resgatado horas depois da morte.
'Cena de terror': Mulher relata busca de corpo de cunhado após megaoperação no RioMichele de Mello (@MicheledeMello_), correspondente da RT no Brasil, conversou com Andrielly Sousa, que precisou resgatar seu cunhado durante a noite e levá-lo para o hospital. pic.twitter.com/K8QkoxEKSt
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Outra moradora, Jéssica Marques, relatou a gravidade do que presenciou, classificando as cenas como "terror". Segundo ela, havia sinais de tortura nos cadáveres, incluindo "queimaduras, facadas e corpos degolados". "Nenhum filme chega aos pés das cenas que eu vi", afirmou.
❗️ 'Não houve morte, houve tortura': Moradora denuncia violações em megaoperaçãoMichele de Mello, correspondente da RT no Brasil, entrevistou Jéssica Marques, que relatou as "cenas de terror" ao encontrar os corpos dos mortos na Operação Contenção, no Rio de Janeiro. pic.twitter.com/E2o6zdZg3e
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Polícia apura fraude em denúncias
Diante das denúncias de que corpos teriam sido mutilados ou decapitados, o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, negou que a responsabilidade seja da corporação e informou que foi instaurado um inquérito para apurar fraude processual.
Segundo Curi, alguns veículos usados na remoção dos cadáveres teriam sido furtados, o que pode ter causado ferimentos adicionais com o objetivo de "chamar a atenção da imprensa".
"Quem disse que foi a polícia que cortou a cabeça deles?", questionou em coletiva após imagens de corpos mutilados e decapitados serem divulgadas pela imprensa.
