Autoridades da Guiné-Bissau denunciam plano de golpe militar às vésperas das eleições

Generais afirmam que oficiais estariam envolvidos em plano para desestabilizar o processo eleitoral.

As autoridades da Guiné-Bissau denunciaram nesta sexta-feira (31) uma tentativa de golpe de Estado militar, segundo informou o portal RFI. A revelação ocorre na véspera do início da campanha eleitoral para as eleições legislativas e presidenciais, marcadas para o dia 23 de novembro.

A denúncia foi feita durante uma conferência de imprensa conduzida pelos generais Mamadu Turé, vice-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, e Fernando da Silva, chefe da divisão de quadros e pessoal das Forças Armadas guineenses. De acordo com os oficiais, o plano envolvia a participação de altos membros do comando militar do país.

Entre os suspeitos está o brigadeiro-general Daba Na Walna, ex-porta-voz do Comando Supremo responsável pelo golpe de 2012 que destituiu o então primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. Ele também presidiu o Tribunal Militar Superior.

"Esta conferência de imprensa tem como propósito denunciar mais uma tentativa de subversão da ordem constitucional, numa altura em que o país se prepara para a realização das eleições gerais que terão lugar no dia 23 de Novembro. Este triste episódio, que conta com o envolvimento de alguns oficiais generais e superiores das nossas Forças Armadas, põe em causa a paz e estabilidade tão almejada para o desenvolvimento socioeconómico e a atracção de investimentos externos. Neste momento está em curso um inquérito para o apuramento de todos os envolvidos neste triste caso e que serão responsabilizados conforme a lei", afirmou Fernando da Silva, segundo declarou à RFI.

Mamadu Turé, vice-chefe do Estado-Maior, garantiu que todos os envolvidos, sejam civis ou militares, serão detidos e assegurou que o processo eleitoral não será interrompido.

A campanha para as eleições está programada para começar neste sábado (1), em meio a um ambiente de instabilidade e forte vigilância militar.

Eleições presidenciais e legislativas

Em 14 de outubro, o Supremo Tribunal de Justiça do país excluiu a candidatura de Domingos Simões Pereira, levando ao cenário inédito em que o PAIGC não participará das eleições do país. 

A última eleição presidencial ocorreu em novembro de 2019, oportunidade em que o partido recebeu 46,5% dos votos válidos, sendo derrotado por Umaro Sissoco Embaló, que teve 53,5% dos votos e novamente candidato em 2025.