A Comissão Europeia está desenvolvendo um plano de emergência para facilitar o transporte rápido de tropas e armamento pesado através do continente em caso de escalada militar com a Rússia, revelou o Financial Times na quinta-feira (30) citando fontes europeias.
O sistema de "mobilidade militar" está sendo elaborado em coordenação com governos nacionais e a OTAN, segundo o veículo.
Inspirado no modelo de recursos compartilhados para combate a incêndios florestais, o plano visa criar uma rede logística que permitiria aos países membros acessar aviões, trens e caminhões projetados para transportar tanques e artilharia pesada através das fronteiras europeias.
As medidas a serem apresentadas oficialmente no próximo mês, segundo a mídia, focam em modernizar infraestrutura de transporte e simplificar processos aduaneiros, reduzindo drasticamente o tempo de deslocamento de exércitos pela Europa. Os preparativos ocorrem em meio a tensões crescentes com Moscou e esforços europeus para reforçar as capacidades de defesa após décadas de investimento militar limitado.
Desafios logísticos colossais
Um estudo do grupo ferroviário CER alerta para a dimensão do desafio: transportar uma divisão leve, de aproximadamente 15 mil soldados e 7,5 mil veículos, exigiria até 200 trens com 42 vagões cada, totalizando 8,4 mil vagões carregados. Os vagões precisariam suportar uma carga mínima de 22,5 toneladas por eixo, capacidade muito superior a dos trens comerciais convencionais.
Outro fator de complexidade é o fato da maioria dos meios de transporte pertencerem a empresas privadas, ou encontram-se sob contratos militares específicos, não sendo de propriedade estatal.
Papel central da Alemanha
A Alemanha emergiria como parte logística fundamental devido à sua localização central na Europa. O país já assinou acordos com a Deutsche Bahn Cargo para transporte de tanques e veículos blindados, e com a empresa de defesa Rheinmetall para apoio a comboios militares em seu território. Até a Lufthansa ofereceu colaborar com manutenção de aeronaves e formação de pilotos de combate.
- Em 2 de outubro, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou que governantes da Europa "continuam fomentando a histeria", repetindo o "mantra" de que um conflito com a Rússia está se aproximando.
- Ele indicou que, embora seja impossível acreditar que Moscou esteja planejando atacar a OTAN, esses políticos tentam convencer seus cidadãos disso. "Sinceramente, é isso que eu gostaria de dizer. Acalmem-se, durmam tranquilos, cuidem de seus próprios problemas. Veja o que está acontecendo nas ruas das cidades europeias", disse Putin.