
Documentos vazados mostram que EUA encobrem violações de Direitos Humanos de Israel em Gaza

Um relatório confidencial de um órgão de fiscalização do governo dos EUA identificou "centenas" de potenciais violações de direitos humanos cometidas por Israel na Faixa de Gaza.

Embora a dimensão das violações possa comprometer a ajuda militar americana, a investigação deverá levar "vários anos", informou o Washington Post na quinta-feira (30), de acordo com fontes anônimas.
As conclusões do Gabinete do Inspetor-Geral do Departamento de Estado dos EUA representam a primeira vez que um relatório americano reconhece a escala das ações de Israel contra a população civil do território palestino.
Essas violações se enquadram na Lei Leahy, que proíbe os EUA de fornecer assistência militar a forças estrangeiras se houver provas credíveis de graves violações de direitos humanos.
Um sistema jurídico feito para favorecer Israel
Os EUA aplicam um protocolo especial para revisar a ajuda militar a Israel. Ao contrário do procedimento padrão, em que uma única objeção é suficiente para negar a assistência, no caso de Israel exige-se um consenso, e a comissão inclui representantes que geralmente apoiam Israel.
"Até o momento, os Estados Unidos não negaram qualquer assistência a nenhuma unidade israelense, apesar das evidências claras", disse Josh Paul, ex-funcionário do Departamento de Estado, ao jornal.
"O que me preocupa é que a responsabilidade seja esquecida agora que o ruído do conflito está diminuindo", disse Charles Blaha, ex-funcionário da mesma agência e chefe do escritório responsável pela implementação da Lei Leahy, referindo-se à frágil trégua entre Tel Aviv e o grupo palestino Hamas.
Ajuda ininterrupta
A campanha militar israelense de mais de dois anos em Gaza resultou na morte de quase 70 mil palestinos desde 7 de outubro de 2023.
Entre os inúmeros incidentes que ainda aguardando revisão estão o assassinato de sete funcionários da World Central Kitchen por Israel em abril de 2024 e a execução de mais de cem palestinos famintos que estavam perto de caminhões de ajuda humanitária em fevereiro de 2024.
Enquanto isso, Israel continua sendo o maior beneficiário mundial da ajuda dos EUA. Washington deu pelo menos US$ 20 bilhões a Israel nos últimos 2 anos.

