
ONU cobra investigação sobre mortes em megaoperação policial no Rio de Janeiro

Após a megaoperação policial que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro na última terça-feira (28), o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou profunda preocupação com o número de mortes e pediu uma investigação imediata sobre o caso.
Em comunicado lido por seu porta-voz, Stéphane Dujarric, Guterres destacou nesta quinta-feira (30) que o uso da força deve respeitar as normas internacionais de direitos humanos.
O episódio ocorreu durante uma megaoperação nas comunidades do Complexo do Alemão e Complexo da Penha, com o objetivo de cumprir cerca de 100 mandados judiciais contra suspeitos de integrar facções criminosas. Segundo dados oficiais, 121 pessoas morreram, incluindo quatro policiais, e 81 foram presas.
O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, também se pronunciou, pedindo uma reforma abrangente do policiamento no Brasil. Turk afirmou compreender os desafios do combate ao crime organizado, mas criticou o padrão de operações que resultam em grande número de mortes, sobretudo entre pessoas negras.
O chefe de Direitos Humanos também afirmou que a letalidade policial se tornou "normalizada" em estados como o Rio de Janeiro e defendeu que o Brasil rompa o ciclo de brutalidade e garanta que as ações de segurança estejam de acordo com os princípios de legalidade, necessidade, proporcionalidade e não discriminação.

"É hora de acabar com um sistema que perpetua o racismo, a discriminação e a injustiça", disse.
O comissário também destacou o racismo sistêmico nas práticas de segurança pública, pedindo medidas concretas para eliminar discriminação e injustiça.
Segundo informou o Mecanismo Internacional de Especialistas da ONU, cerca de 5 mil pessoas negras são mortas por agentes de segurança a cada ano no Brasil, em sua maioria jovens de comunidades empobrecidas.
