
AmazonFACE: Brasil cede participação ao Reino Unido em megaprojeto científico na Amazônia

O megaprojeto científico AmazonFACE, que investigará como a Amazônia reage ao aumento do dióxido de carbono, será coordenado por uma parceria entre Brasil e Reino Unido.

Instalado a 80 quilômetros de Manaus, o experimento -, que entrará em pleno funcionamento às vésperas da COP30 em Belém -, envolve 96 torres de 30 metros distribuídas em seis círculos de floresta, sendo que três recebem injeção de CO₂ para simular concentrações projetadas nas próximas décadas, enquanto os outros três funcionam como áreas de controle.
O projeto, orçado em R$ 260 milhões para operar por dez anos, é financiado pelos governos dos dois países, mas com uma maior participação britânica e com apoio do MetOffice, serviço meteorológico do Reino Unido, e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
A concepção científica é brasileira, com coordenação nacional do ecólogo David Lapola, da Unicamp, e do engenheiro florestal Carlos Alberto Quesada, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).
A participação britânica, por sua vez, envolve supervisão técnica e análise de dados, sob liderança do climatologista Richard Betts, do MetOffice e da Universidade de Exeter.
O AmazonFace visa medir o efeito do aumento do CO₂ na fotossíntese, no crescimento das árvores e na absorção de carbono da floresta, além de monitorar alterações na fauna e nos ciclos de água e nutrientes.
Mais de cem pesquisadores e técnicos farão observações com sensores, câmeras, drones e equipamentos instalados no solo e nas copas das árvores, registrando dados sobre fotossíntese, fluxo de seiva, área foliar e carbono estocado.
Os resultados do experimento devem alimentar modelos de previsão climática e fornecer informações sobre a capacidade da Amazônia de continuar atuando como sumidouro de carbono.
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações do Brasil informa que os dados serão utilizados para subsidiar agendas ambientais e climáticas no Brasil e internacionalmente.
Parceria científica ou "neocolonialismo verde"?
O "neocolonialismo verde" refere-se a práticas de países do Norte Global — como EUA, e países ricos europeus — que financiam projetos de conservação, energia limpa e mitigação climática no Sul Global por meio de acordos condicionados por governos e fundações que ditam a agenda climática.
Críticos apontam a perpetuação de desigualdades, enquanto defensores ressaltam sua contribuição para metas globais de sustentabilidade.

