
Parte das gravações de câmeras corporais pode ter sido perdida durante megaoperação no Rio

O secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Marcelo de Menezes, afirmou nesta quarta-feira (29) que parte das imagens das câmeras corporais utilizadas por agentes durante a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão pode ter sido perdida por falta de bateria, informou o G1.
A operação, iniciada na madrugada de terça-feira (28), resultou em 119 mortes, incluindo quatro policiais.
Segundo Menezes, o equipamento tem autonomia de cerca de 12 horas, e o preparo das equipes começou às 3h da manhã.
"As baterias das câmeras duram cerca de 12 horas. Começamos a reunir às 3h de terça-feira. As tropas começaram a se movimentar às 5h. Em algum momento, há a substituição dessas baterias. Dado o cenário em que ali estavam empregadas as câmeras, aquelas baterias não foram recarregadas e em algum momento essas imagens podem ter sido perdidas", declarou o secretário.

O balanço divulgado pelas autoridades aponta a apreensão de 91 fuzis, 26 pistolas e toneladas de drogas ainda em contagem. Menezes informou que "os 91 fuzis apreendidos passarão por perícia, que certamente vai comprovar que foram utilizados por narcoterroristas".
Moradores e familiares levaram dezenas de corpos para ruas e praças da Penha, após os confrontos. O secretário de Segurança Pública, Victor Santos, afirmou que as autoridades não tinham conhecimento da presença dos corpos na mata durante a operação. "Naquela ocasião, é impossível fazer algo que não seja preservar sua vida. A polícia não tinha sequer ciência da existência deles", disse Santos.
Requisição das imagens
O Ministério Público do Rio de Janeiro informou que já está em curso o protocolo de requisição das imagens das câmeras corporais dos agentes envolvidos na operação. Um promotor acompanha os trabalhos no Instituto Médico Legal (IML) e, a partir de quinta-feira (30), outros dois membros do MP vão acompanhar os depoimentos prestados à polícia.
"O que posso afirmar e garantir é que o Ministério Público atuará com absoluta independência, exercendo com responsabilidade, critério e seriedade suas funções constitucionais", disse Antônio José Campos Moreira, procurador-geral de Justiça.
Divergência nos relatos
O subsecretário de Planejamento da Polícia Civil, Carlos Oliveira, explicou que os procedimentos de retirada de corpos seguem protocolos específicos. "A polícia civil tem seus protocolos. A Delegacia de Homicídios é acionada, a perícia é feita, o corpo é liberado e retirado do local. Os moradores removeram os corpos. A partir do momento que os moradores e familiares retiraram os corpos, o poder público tomou conhecimento", afirmou.
Em contraponto, moradores da região relataram nas redes sociais que a retirada das roupas dos corpos não teve relação com alteração da cena do crime, mas com a tentativa de identificação das vítimas.
Segundo esses relatos, muitos corpos estavam desfigurados e sem condições de reconhecimento, e as roupas teriam sido cortadas para expor tatuagens, cicatrizes e outras marcas corporais que pudessem ajudar familiares a confirmar a identidade dos mortos.
Questionado sobre denúncias de tortura e possíveis violações de direitos humanos durante a ação, o secretário de Segurança reforçou que o trabalho das forças policiais é constantemente acompanhado. "Trabalho da perícia de resguardar vidas. São várias as imagens de criminosos se entregando. Se tem uma atividade que tem fiscalização intensa, é a atividade policial. Em todos os inquéritos os policiais são vítimas", declarou Santos.

