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Moradores se revoltam após megaoperação: 'Isso aqui é ódio! Isso não é humano'

Em meio a corpos no chão, população acusa o governo do Rio de usar violência como ferramenta política em favelas.
Moradores se revoltam após megaoperação: 'Isso aqui é ódio! Isso não é humano'Reprodução/Divulgação Redes Sociais/Leonel Querino Neto

A cena registrada nesta quarta-feira (29) em uma das comunidades afetadas pela megaoperação nos complexos do Alemão e da Penha escancarou o clima de revolta popular após a ação que deixou 119 mortos, segundo dados oficiais do governo do estado do Rio de Janeiro.

Diante de uma fileira de corpos estendidos no chão, uma moradora fez um desabafo contra o governador Claudio Castro, criticando a brutalidade da ação e a negligência do poder público com as favelas. "Isso aqui é ódio! Isso traz ódio pra nós!", afirmou, em um apelo emocionado divulgado pelo vereador carioca Leonel Querino Neto.

Outro morador condenou a normalização da violência dentro das comunidades. "Não existe país no mundo onde a decapitação de um jovem, em praça pública, seria normalizada", disse.

Ao lado de outros moradores, acusou o governo estadual de usar as operações como ferramenta eleitoral. "Isso aqui é santinho político pra Claudio Castro, pra entrar na favela com dinheiro, pagar votos da mesma população que eles condenam", afirmou.

A população também fez comparações com massacres já registrados no país. "Aqui a gente tem mais morto que no Carandiru, a céu aberto, numa favela", denunciou, em referência ao episódio ocorrido em 1992 no presídio paulista, que deixou 111 mortos.

Questionando os resultados das ações armadas, ele declarou: "Morreu bandido, morreu polícia, e o crime não acabou. E nem vai acabar dessa forma". A cobrança por políticas públicas foi direta: "Dá educação pra essa rapaziada. Traz cultura pra dentro da favela. Isso aqui não é humano".