A Assembleia Geral das Nações Unidas condenou nesta quarta-feira (29), pela trigésima terceira vez, o embargo que os EUA mantêm contra Cuba há mais de seis décadas.
A resolução "A necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba", apresentada por Havana, recebeu 165 votos a favor, 7 contra e 12 abstenções.
Tradicionalmente, Estados Unidos e Israel votam contra. Desta vez, mais cinco nações se juntaram a eles: Argentina, Paraguai, Hungria, Macedônia do Norte e Ucrânia.
Os seguintes países se abstiveram de votar: Albânia, Bósnia e Herzegóvina, República Checa, Equador, Costa Rica, Estônia, Letônia, Lituânia, Marrocos, Polônia, Moldávia e Romênia.
Como foi o debate?
Como é costume há mais de três décadas, a maioria das delegações na ONU expressaram rejeição ao embargo. Além de solicitar o levantamento do bloqueio, também exigiram a retirada de Cuba da lista americana de países que supostamente patrocinam o terrorismo.
Os representantes da Comunidade do Caribe (CARICOM), do Grupo dos 77 e China, do Grupo Africano, da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), do Grupo de Amigos em Defesa da Carta das Nações Unidas, entre outros, se pronunciaram contra a medida de Washington.
O chanceler cubano, Bruno Rodríguez, afirmou que "nenhuma pessoa, família ou setor escapa de efeitos cotidianos ou devastadores" do embargo à ilha, o que é uma violação "flagrante" dos direitos humanos. Segundo o diplomata, os EUA "deprivam Cuba do acesso" a fontes de financiamento, remessas e produção de alimentos com o único objetivo de "provocar uma explosão social que resulte na derrubada" do governo.
O representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Vassily Nebenzia, afirmou que a "guerra de sanções" empreendida pelos EUA contra Cuba com o objetivo principal de "derrubar um governo que não lhes é favorável" é "um exemplo claro de interferência desleal nos assuntos internos de um Estado independente".
O representante permanente do Brasil, Sérgio França Danese, comentou que o embargo contra Cuba "afetou gravemente o acesso do país a bens essenciais, incluindo medicamentos, tecnologias, serviços e recursos financeiros" e "limitou sua capacidade de atrair os tão necessários investimentos estrangeiros".
O representante permanente da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, destacou a importância de apoiar Havana. "Enquanto Cuba envia médicos, os EUA promovem massacres (...) Enquanto os EUA exportam guerra, Cuba exporta vida, e isso é o que o império não quer que vejamos, o exemplo de um povo que resiste com dignidade", afirmou, ao mesmo tempo em que ressaltou que "votar em Cuba é votar pela justiça, pela paz e pela vida".