Cuba denuncia à ONU que objetivo do bloqueio dos EUA é 'provocar uma revolução social'

Mais uma vez, o organismo internacional debate os efeitos do embargo contra a ilha.

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, denunciou o bloqueio imposto pelos Estados Unidos ao seu país há mais de seis décadas na Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), nesta quarta-feira (29), com o objetivo de "provocar uma explosão social".

"O objetivo estratégico do bloqueio é provocar uma explosão social que levará à derrubada da ordem constitucional que nós, cubanos, escolhemos livremente estabelecer em diversos referendos", disse o ministro durante o debate na ONU sobre os efeitos do embargo.

Segundo Rodríguez, em Cuba "nenhuma pessoa, família ou setor" escapa aos "efeitos diários ou devastadores" do bloqueio.

Nesse mesmo sentido, ele enfatizou que o bloqueio "é uma política de punição coletiva, qualifica-se como um ato de genocídio" e "viola flagrantemente, massivamente e sistematicamente os direitos humanos dos cubanos, sem distinção entre setores sociais".

O ministro das Relações Exteriores destacou que os EUA, além de tentarem "negar ou minimizar" os efeitos do bloqueio, "penalizam aqueles que documentam seus danos e consequências, recorrendo a campanhas de difamação, tropas cibernéticas pagas com fundos para mudança de regime e censura algorítmica por meio de suas próprias plataformas tecnológicas".

Nessa ordem, Rodríguez rejeitou a intervenção do representante americano, Michael Waltz, no debate do qual participou na terça-feira, classificando seu discurso como "infame, ameaçador, arrogante, mentiroso e cínico".

Waltz afirmou que "não há bloqueio"; no entanto, Rodríguez refutou essa alegação: "Ele parece ignorar, apesar de suas responsabilidades, ou distorce com espírito mentiroso: as leis e regulamentos da agressão econômica de seu país contra Cuba não são ambíguos quanto às ações e ambições. Eles declaram abertamente em lei o objetivo de restringir as relações comerciais, de investimento e de crédito de Cuba com todos os países. Eles também estabelecem em lei a obrigação dos diplomatas americanos de cumprir esse mandato em seus contatos com autoridades de outros governos."

Terrorismo

Por outro lado, além do embargo, o Ministro das Relações Exteriores rejeitou a inclusão de Cuba na lista dos EUA de países patrocinadores do terrorismo.

"A presença de Cuba na lista unilateral e arbitrária publicada pelo governo dos EUA de países que supostamente patrocinam o terrorismo é injustificável. Cuba é vítima do terrorismo, como já demonstramos anteriormente nesta Assembleia. Há anos, e ainda hoje, atos terroristas contra o país são organizados e financiados a partir do território dos EUA", enfatizou.

Os efeitos do embargo

Conforme o último relatório apresentado por Havana em setembro, o bloqueio representou perdas para a ilha de US$7.556,1 milhões entre março de 2024 e fevereiro de 2025. Trata-se de um aumento de 49% em relação ao período anterior, quando os prejuízos foram de 5,06 bilhões de dólares.

O documento detalha que isso equivale, em média, a cerca de US$629 milhões por mês, mais de 20 milhões por dia e mais de 860 mil dólares por cada hora de bloqueio.

O governo cubano ressalta ainda que, considerando os preços atuais, os danos acumulados ao longo de mais de seis décadas de aplicação desta política chegam a US$170,68 bilhões.