Notícias

Presidente do Equador propõe presença estrangeira em Galápagos para combater narcotráfico

Daniel Noboa afirma que iniciativa não compromete soberania nacional e será votada em referendo.
Presidente do Equador propõe presença estrangeira em Galápagos para combater narcotráficoGettyimages.ru / Francisco J. Olmo/Europa Press

O presidente do Equador, Daniel Noboa, defendeu nesta terça-feira (28) a criação de bases estrangeiras nas Ilhas Galápagos, com o objetivo de intensificar o combate ao narcotráfico e à pesca ilegal, informou a revista Veja. 

As instalações, segundo ele, não teriam caráter militar e não implicariam a "entrega da soberania" do país. A proposta será submetida à votação popular em um referendo marcado para 16 de novembro.

Durante entrevista à Rádio Centro do Equador, Noboa explicou que as estruturas poderiam ser instaladas em Baltra e Salinas, duas das ilhas do arquipélago.

Ele destacou que Salinas possui infraestrutura adequada e posição estratégica para "controlar o tráfico de drogas, a pesca ilegal e os esquemas mafiosos". Já em Baltra, a atuação seria voltada ao enfrentamento do narcotráfico e do contrabando de combustíveis.

"As primeiras ações seriam voltadas à pesca ilegal, depois ao tráfico de drogas, em toda a rota do Pacífico", afirmou o presidente. "Isto não é para prejudicar Galápagos ou doar Galápagos, é para proteger Galápagos". Noboa acrescentou que parte da população local vive em situação de vulnerabilidade e se beneficiaria das medidas de segurança.

Nos últimos anos, os cartéis do narcotráfico ampliaram sua presença nas mais de 100 ilhas que compõem o arquipélago. O isolamento geográfico tem sido explorado por embarcações que transportam drogas em direção aos Estados Unidos e ao México. Autoridades equatorianas já apreenderam toneladas de cocaína e combustíveis levados irregularmente à região.

A pesca ilegal também preocupa o governo. Noboa afirmou que "muita pesca ilegal chinesa" tem sido registrada nas águas equatorianas, prejudicando o ecossistema e a economia local. Ele ressaltou que os grupos envolvidos não representam o governo da China, mas atuam de forma independente.

Operações militares no Caribe

A proposta surge em meio a uma ampla operação militar dos Estados Unidos no Caribe, que destruiu 13 embarcações suspeitas de transportar drogas desde o mês passado, com 57 mortos no total. Washington afirma que a ação tem caráter antidrogas, enquanto Caracas acusa os EUA de intimidação e de planejar ataques simulados contra a Venezuela.

Noboa declarou apoio à operação norte-americana e afirmou que o Equador está aberto à cooperação internacional, desde que respeite a legislação nacional. "O contrato estabelece que eles devem ser regidos pelas leis do Equador e estar sob o controle do governo. A palavra final cabe ao governo equatoriano", disse.

Desde 2008, a Constituição equatoriana proíbe bases estrangeiras no país. No entanto, desde 2019, os Estados Unidos já utilizam uma pista de pouso na Ilha de São Cristóvão, no Caribe. Noboa argumenta que a nova proposta permitiria a instalação de centros de vigilância voltados à segurança marítima e ambiental, sem caráter militar permanente.