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Lewandowski diz que Castro deve 'assumir responsabilidade' por crise no Rio ou 'jogar a toalha e pedir GLO'

Ministro da Justiça comentou megaoperação que deixou 64 mortos, após governador fluminense acusar o governo federal de "falta de apoio" no combate ao crime.
Lewandowski diz que Castro deve 'assumir responsabilidade' por crise no Rio ou 'jogar a toalha e pedir GLO'Gettyimages.ru / Mateus Bonomi/Anadolu Agency

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou em coletiva de imprensa nesta terça-feira (28) que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, deve "assumir as suas responsabilidades" diante da escalada da violência no estado, informou a Folha de S. Paulo.

Caso contrário, segundo o ministro, o governo fluminense deve admitir que não tem mais controle sobre a segurança pública e solicitar oficialmente apoio federal por meio de uma intervenção, estado de sítio ou uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

"Se ele sentir que não tem condições, ele tem que jogar a toalha e pedir GLO ou intervenção federal", declarou Lewandowski. "Ou ele faz isso, se não conseguir enfrentar, ou vai ser engolido pelo crime", acrescentou.

Megaoperação deixou 64 mortos

As declarações ocorrem após o governo do Rio promover uma megaoperação no mesmo dia, que deixou pelo menos 64 mortos - entre eles 4 policiais - e prendeu 81 suspeitos. A iniciativa, uma etapa da Operação Contenção, mirou o Comando Vermelho (CV) nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio. O tráfico organizou represálias, bloqueando algumas das principais vias do Grande Rio.

O ministro criticou a postura de Castro, que após a operação policial acusou o governo federal de "falta de apoio" no combate ao crime no estado. Como exemplo, o governador divulgou um ofício à imprensa, enviado ao Ministério da Defesa em janeiro de 2025, em que solicitava o envio de blindados para uso em operações policiais.

Em nota, o órgão federal afirmou que o referido pedido do Governo do Rio foi submetido à análise da Advocacia-Geral da União (AGU), segunda a qual a solicitação do Palácio Guanabara só poderia ser atendida no contexto de uma GLO, o que envolveria um decreto presidencial.

"Ele tenta jogar a culpa nos outros, mas nunca fez qualquer pedido nesse sentido [de atuação das forças federais e da defesa, inclusive com blindados]. Para isso, o governo do Rio de Janeiro teria que fazer uma declaração formal de que as forças locais não têm condições de fazer face o crime", disse o ministro da Justiça.

Lewandowski enfatizou que medidas como GLO ou intervenção são "excepcionais, gravíssimas", por substituírem "a legalidade ordinária pela legalidade extraordinária". Nesse sentido, ressaltou que o ideal seria o próprio Estado recuperar o controle da segurança sem recorrer a ações extremas.

Ao criticar a estratégia adotada por autoridades estaduais, Lewandowski classificou a situação no Rio como um "loucura, reiterando que "guerra civil e força bruta não acabam com o crime organizado". Como exemplo de ação bem sucedida, citou a Operação Carbono Oculto, realizada em São Paulo com atuação integrada da Polícia Federal, Polícia Militar, Ministério Público Federal e Receita Federal.

"Ninguém morreu e a organização criminosa foi debelada", afirmou. "É assim que se combate o crime organizado", complementou.