Vice-presidente da Venezuela propõe suspensão de acordos de gás com Trinidad e Tobago

Ministério de Hidrocarbonetos da Venezuela propôs cancelamento imediato do acordo de cooperação energética após medidas adotadas pelo gabinete da primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar.

O Ministério de Hidrocarbonetos da Venezuela e a diretoria da estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA) propuseram nesta segunda-feira (27) a "denúncia imediata" do acordo de cooperação energética e a suspensão de todos os pactos gasíferos com Trinidad e Tobago, em resposta às recentes "ações hostis" adotadas pelo governo da primeira-ministra Kamla Persad-Bissessar.

"Esta diretoria, junto à sua operadora PDVSA, decidiu propor ao presidente Nicolás Maduro a denúncia imediata do acordo marco de cooperação energética entre a República de Trinidad e Tobago e a República Bolivariana da Venezuela [...] e, consequentemente, que sejam suspensos todos os acordos gasíferos mantidos entre Venezuela e Trinidad e Tobago", anunciou a vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, que também comanda a pasta de Hidrocarbonetos.

A alta funcionária explicou que o acordo entre Caracas e Porto Espanha foi assinado inicialmente em 2015 e renovado automaticamente em fevereiro passado. Ele contempla, entre outros assuntos, o desenvolvimento de infraestrutura para a exploração de jazidas conjuntas de gás.

As razões

Em sua exposição, a vice-presidente alegou que a ruptura se deve à "situação que se gerou com Trinidad e Tobago, principalmente as ações da primeira-ministra Kamla Persad", que, segundo ela, declarou "guerra à Venezuela".

"A primeira-ministra, em uma atitude hostil em relação à Venezuela, aderiu a um plano belicista do governo dos Estados Unidos", afirmou. Isso teria ocorrido porque Persad "acreditou nas ‘promessas falsas’ que Marco Rubio lhe vendeu, de que podem roubar o gás dos venezuelanos para entregá-lo a Trinidad e Tobago".

A isso se somou a denúncia apresentada pelo chanceler da Venezuela, Yván Gil, às autoridades de Trinidad, às quais comunicou que está em curso uma "operação de bandeira falsa" sobre instalações e equipamentos militares norte-americanos, à semelhança do que aconteceu no "Incidente do Golfo de Tokín", para culpar a Venezuela e oferecer a Washington um pretexto para iniciar ataques diretos sobre o território venezuelano.

De acordo com o que foi dito por Gil, Rodríguez reiterou que Caracas tomou conhecimento desses planos devido à captura de várias pessoas financiadas pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA) — que foi autorizada publicamente pelo presidente norte-americano, Donald Trump, a operar na Venezuela, — as quais forneceram informações fundamentais sobre o caso.

"Não é um conflito, é uma agressão militarista dos EUA contra a Venezuela. O presidente Maduro afirmou: é pelo gás e pelo petróleo da Venezuela. O presidente [Gustavo] Petro também denunciou: é uma guerra pelo petróleo. É uma guerra pelos hidrocarbonetos que se pretende instaurar, ameaçando a paz e a tranquilidade da nossa região caribenha", enfatizou.