A vice-presidente da Venezuela, Delcy Rodríguez, denunciou nesta segunda-feira (27) que está em andamento uma operação de bandeira falsa contra seu país.
Rodríguez fez essa afirmação ao final de uma reunião entre o Ministério de Hidrocarbonetos, que ela lidera; a diretoria da Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA); e a ministra da Economia e Finanças, Anabel Pereira Fernández.
Ela lembrou que Caracas alertou que já existe uma operação de bandeira falsa em operação buscando atacar instalações com equipamentos militares dos EUA no país caribenho para culpar a Venezuela.
A vice-presidente confirmou que esses planos "relembram eventos do passado", como o do Golfo de Tonkin, que gerou a guerra contra o Vietnã no século XX: "Foi exatamente igual, um autoataque a um porta-aviões americano", declarou.
Rodríguez lembrou também que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, relatou a "detenção de um grupo de pessoas ligadas à CIA que já forneceram informações suficientes para denunciar essa nova provocação que busca intensificar a agressão dos EUA contra a Venezuela".
"Não é um conflito, é uma agressão militar contra a Venezuela", afirmou.
"Guerra contra a Venezuela"
Segundo a vice-presidente venezuelana, a primeira-ministra de Trinidad e Tobago, Kamla Persad-Bissessar, declarou "guerra à Venezuela" desde que chegou ao poder e adota uma atitude "hostil e agressiva". O Governo de Trinidad e Tobago, segundo Rodríguez, "aderiu a um plano de guerra do governo dos EUA".
"O mais triste e vergonhoso é como Trinidad e Tobago pretende se distanciar dos princípios fundamentais da Comunidade do Caribe (CARICOM) que regem a vida dos países caribenhos, que levantaram as bandeiras pela paz para preservar nosso território livre de armas nucleares", afirmou.
Diante da atitude hostil de Porto Espanha, o Ministério de Hidrocarbonetos da Venezuela e a diretoria da Petróleos de Venezuela (PDVSA) propõem a "denúncia imediata" do acordo de cooperação energética e a suspensão de todos os acordos de gás com Trinidad e Tobago.
Tensão crescente
Porto Espanha mantém uma relação tensa com Caracas e favorável a Washington. A primeira-ministra de Trinidad e Tobago tem adotado um tom pouco conciliador e saudou o primeiro ataque relatado pelos EUA no Caribe em setembro. Na ocasião, disse que os traficantes de drogas deveriam morrer "violentamente".
Em outra crítica a Caracas, a primeira-ministra afirmou que faria o que fosse necessário "para manter as pessoas em segurança" em seu país. As declarações foram rejeitadas por Caracas, que considerou que a ilha estava "quase declarando guerra à Venezuela", segundo o presidente Nicolás Maduro.
As relações entre os dois países vizinhos já estavam tensas desde junho quando autoridades venezuelanas anunciaram a captura de supostos mercenários com "lotes de armas de guerra" provenientes da Colômbia e de Trinidad e Tobago.
Na ocasião, Persad-Bissessar disse que não havia "evidências" que sustentassem os comentários da Venezuela e ordenou que sua Guarda Costeira usasse "força letal" contra qualquer embarcação não identificada proveniente do país vizinho.
Diante dessa ordem, Caracas apelou ao governo de Trinidad e Tobago para que "não se envolvesse em jogos geopolíticos alheios" aos interesses nacionais.
- Em agosto, os EUA enviaram navios de guerra, um submarino, aviões de combate e tropas para a costa da Venezuela, alegando sua suposta disposição de combater o narcotráfico. Foram realizados dez bombardeios contra supostas embarcações com drogas no Mar do Caribe e no Oceano Pacífico que deixaram dezenas de mortos, entre eles, segundo seus familiares, dois cidadãos de Trinidad e Tobago.