Borrell: "Posso encerrar o conflito na Ucrânia simplesmente interrompendo os suprimentos"
O alto representante da União Europeia (UE) para Relações Exteriores e Política de Segurança, Josep Borrell, proferiu uma palestra na Universidade de Oxford, no Reino Unido, nesta sexta-feira, durante a qual afirmou que sabe como terminar o conflito ucraniano em "algumas semanas" e que pode fazê-lo.
"Eu sei como acabar com a guerra na Ucrânia. Posso encerrar a guerra na Ucrânia em algumas semanas, simplesmente cortando o fornecimento. Se eu cortar o fornecimento de armas para a Ucrânia, ela não conseguirá resistir. Terão que se render e a guerra terminará. Mas é assim que queremos que a guerra termine? Eu não quero que seja assim. E espero que muitas pessoas na Europa também não o queiram", disse Borrell.
"A maior ameaça existencial para a Europa"
O chefe da diplomacia europeia descreveu a Rússia como "a maior ameaça existencial à Europa", mas admitiu que essa opinião não é apoiada por todos os membros do Conselho Europeu, pois alguns consideram o país eslavo como "um amigo". Nesse contexto, destacou que a UE deve estar unida, enfatizando que as divergências políticas podem levar à derrota da Ucrânia.
"A polarização política nos EUA atrasou um pacote de ajuda militar por meio ano. E no meio de uma guerra, meio ano é muito tempo. Isso pode fazer a diferença entre ganhar e perder", explicou Borrell, acusando seu aliado norte-americano de não fornecer ajuda suficiente ao regime de Kiev.
Segundo Borrell, os países europeus já despertaram para os perigos que enfrentam, mas ainda não saíram da cama. "Uma coisa é despertar e outra é sair da cama. Em alguns casos, ainda estamos na cama", comentou.
Além disso, ressaltou que a UE deve construir seu próprio sistema de segurança, sem depender dos EUA. "Não podemos tornar nossa segurança dependente das eleições norte-americanas a cada quatro anos. Portanto, temos que desenvolver ainda mais nossa política de segurança e defesa. [...] Temos que aumentar nossas capacidades de defesa e construir um forte pilar europeu, dentro da OTAN", declarou.