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Milei ordena o fechamento de todos os escritórios nacionais de correspondentes da Télam

A decisão foi rejeitada pelo sindicato dos funcionários da agência.
Milei ordena o fechamento de todos os escritórios nacionais de correspondentes da TélamLegion-media.ru / Julieta Ferrario/SOPA Images Via ZUMA Press Wire

O Governo da Argentina anunciou nesta sexta-feira o fechamento de todos os escritórios nacionais de correspondentes da agência de notícias Télam, fechada pelo Governo desde março.

"Em conformidade com as medidas que estão sendo tomadas pelo Governo nacional, as áreas correspondentes da empresa são instruídas, no âmbito de suas competências, a articular propostas de um plano de ação para iniciar a execução do fechamento operacional dos escritórios dos correspondentes da empresa", diz um documento assinado pelo controlador, Diego Martín Chaher, e publicado pela imprensa local.

A medida afeta 13 unidades de correspondentes nas províncias de Buenos Aires, Córdoba, Corrientes, Entre Ríos, La Pampa, Mendoza, Misiones, Río Negro, Salta e Santa Fé, e implica "a rescisão dos contratos de aluguel no caso dos correspondentes cuja propriedade ainda tenha um contrato de aluguel válido".

Para isso, Chaher instruiu que "sejam tomadas as medidas necessárias para inventariar e salvaguardar os ativos pertencentes à empresa e para garantir a restituição dos bens pessoais dos funcionários que já foram demitidos e daqueles que foram isentos do débito trabalhista com o pagamento de seus salários".

Ao tomar conhecimento do fechamento dos escritórios dos correspondentes, o sindicato Télam declarou que a declaração emitida pelo controlador tem como objetivo "gerar medo entre os trabalhadores e construir operações de imprensa" com o interesse de que "o maior número possível de colegas" aceite a aposentadoria voluntária, uma posição que o sindicato rejeita.

"Não faz sentido"

A notícia, que coincidiu com a comemoração do Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, foi endossada pelo porta-voz da Presidência, Manuel Adorni, que garantiu que, após o fechamento da agência de notícias, "não fazia sentido" manter em funcionamento as sedes dos correspondentes nacionais.

"Se a agência foi fechada porque os funcionários foram demitidos, não faz sentido manter escritórios de correspondentes no interior do país; é simplesmente uma questão de bom senso", disse Adorni quando perguntado por um jornalista sobre o assunto.

Da mesma forma, Adorni argumentou que, ao assumir o cargo de porta-voz, havia prometido "que sempre respeitaria a liberdade de imprensa nos seus devidos termos", uma posição que, segundo ele, também era compartilhada pelo Governo libertário. "Deixe-me dizer que, depois de vários meses, estou cumprindo isso de forma muito honrosa", acrescentou.

Fechamento e Luta

O fechamento da Télam foi anunciado por Milei em 1º de março, quando ele proferiu um discurso na abertura da sessão ordinária do Congresso. Na ocasião, o presidente acusou a instituição, que existe há 70 anos, de ter sido "usada como uma agência de propaganda para Kirchner".

Poucos dias depois, o Governo estabeleceu uma dispensa de trabalho para todos os funcionários (mais de 700) e ordenou a abertura de um programa de aposentadoria voluntária, que foi recebido com manifestações de rua em rejeição ao fechamento e às demissões, bem como com ações judiciais.

Neste último caso, um tribunal federal decidiu contra a ação movida pela Federação Argentina de Trabalhadores da Imprensa (Fatpren), que buscava a declaração de inconstitucionalidade da parte do Decreto de Necessidade e Urgência (DNU) 70/23 que faz alusão à revogação da Lei de Empresas Estatais e à criação da Télam e da Radio y Televisión Argentina como sociedades anônimas.