O presidente russo, Vladimir Putin, aprecia a disposição do colega americano, Donald Trump, em buscar uma solução para a crise na Ucrânia, mas não espera que isso aconteça de forma rápida. A avaliação foi feita neste domingo pelo porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, em entrevista ao jornalista russo Pavel Zarubin.
"O sincero desejo do presidente Trump de resolver todas as crises agudas, incluindo a da Ucrânia, provoca apenas sentimentos positivos, e Putin já comentou isso diversas vezes. Mas, às vezes, essa pressa excessiva contrasta com a realidade, porque um conflito como o da Ucrânia, com suas causas profundas, é tão complexo que não se resolve em uma noite", afirmou Peskov.
Sobre o suposto cancelamento da cúpula entre Rússia e EUA, o porta-voz descartou a ideia. "Não é correto falar em cancelamento. Primeiro, nem todos querem que ela aconteça. Segundo, não havia um acordo claro sobre datas. Há consenso de que seria bom se reunir sem demora, por exemplo, em Budapeste. Então, dizer que o encontro foi cancelado não é adequado", explicou.
Peskov acrescentou que Trump compreendeu que não faz sentido realizar o encontro agora, e Putin concordou. "Os presidentes não podem se encontrar apenas por se encontrar; não podem perder tempo, e isso foi dito abertamente."
Para ele, trata-se de um "processo complexo". "Ainda há muito trabalho antes de se estabelecerem as bases para um novo encontro."
"Histeria militar"
O porta-voz russo também criticou Kiev e a União Europeia pelo bloqueio das negociações de paz. "Os ucranianos não querem negociar, e a Europa os incentiva a resistir. A União Europeia está literalmente em estado de histeria militar. Por isso há essa pausa, e Trump entende que não há motivos para acreditar em avanços rápidos em direção a uma solução pacífica", disse.
Peskov lembrou ainda que a presidência de Trump trouxe novos desafios à agenda internacional. "Não se pode esquecer da Groenlândia e nem do Canadá. Esses temas ficaram no limbo, mas foram muito debatidos nos primeiros meses. Claro que há muitos assuntos na agenda, mas eles não podem ser nossas prioridades. Para nós, o mais importante é o que nos é necessário e benéfico", concluiu.