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Petro afirma que ao sancioná-lo, Trump se aliou à máfia da Colômbia

O colombiano afirmou que seu governo busca fazer "com que a própria sociedade norte-americana deixe de consumir tanta cocaína".
Petro afirma que ao sancioná-lo, Trump se aliou à máfia da ColômbiaGettyimages.ru / Ken Ishii

O presidente colombiano, Gustavo Petro, afirmou nesta sexta-feira (24) que, ao decidir sancioná-lo, o governo de Donald Trump optou por se aliar à "máfia" colombiana.

"Esses, senhor Trump, que agora são seus aliados; vou dizer com todas as letras: são a máfia da Colômbia. O que ocorreu hoje, em termos internacionais, nada mais é do que o governo dos Estados Unidos escolher como aliado na Colômbia a máfia e atacar quem a combatia, tentando fazer com que a própria sociedade norte-americana deixasse de consumir tanta cocaína", declarou o mandatário em discurso na Praça de Bolívar, no centro de Bogotá.

Segundo Petro, seu homólogo norte-americano "não faz ideia" de quem ele é, nem do que pensa, tampouco da história da nação bolivariana. Por isso, age com base em desinformações fornecidas pela 'máfia' local.

"Trump não sabe nem ao certo onde fica a Colômbia, quem expandiu o cultivo de coca e quem o conteve, quem realmente combateu as máfias do narcotráfico e quem governou ao lado delas, adotando políticas que as beneficiavam", declarou.

O presidente acrescentou ainda que Trump "ataca o líder colombiano que mais se opôs ao narcotráfico sedento de poder e de sangue" e "que busca construir uma democracia popular, transparente e livre de máfias", denunciando há anos, com nomes e sobrenomes, "os criminosos que de noite faziam leis e de manhã ordenavam massacres".

Expressão típica da máfia

O presidente colombiano também criticou "um congressista bastante limitado nos EUA", que teria dito que sua inclusão na lista de nacionais especialmente designados do Tesouro faria Petro "entender por que deveria mudar de posição", proposta que ele classificou como "mafiosa". "Nós não nos ajoelhamos, não vamos dar um passo atrás".

"Para mim, esse tipo de atitude é apenas a expressão típica da máfia colombiana dormindo em Miami, com seus aliados da extrema-direita na Flórida, tentando dobrar um presidente porque não vão permitir que ele faça negócios nos EUA ou em qualquer outro lugar. Mas eu nunca fiz negócios! Não tenho um dólar nos EUA, nenhuma conta para congelar. Nem tenho vontade nem terei no futuro de fazer negócios nos EUA", afirmou.

"Programa de controle colonial"

Petro insistiu que as "ajudas" oferecidas por Washington para combater o narcotráfico são outro mecanismo com o qual a potência norte-americana tenta manter a região subjugada.

"A desculpa da luta contra as drogas, que não diminuiu um único grama do consumo de cocaína nas grandes cidades dos EUA, é na realidade um programa de controle colonial sobre os países da América Latina. Na Colômbia, nos dominam e nós juramos (…) que devemos ser livres, independentes e soberanos […]. Soberanos de verdade, porque já não é o rei o soberano", afirmou.

Nesse sentido, questionou que, em pleno século XXI, se tente colocar o país "diante de uma extorsão mafiosa, proveniente de um governo estrangeiro", para que decida se aceita "mais um rei" ou diga "não, porque o rei não é soberano, mas o povo é o soberano".

"Não me importa o que façam. Podem ter seus senhores da DEA reunidos neste momento em Barranquilla, vendo como se constrói uma cilada contra o presidente Petro. Eu não tenho nada a temer, nunca deixei a ganância entrar no meu coração e por isso a máfia nunca pôde construir uma aliança com as novas forças democráticas que entregassem a nação à ganância", completou.