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Conselho Norueguês da Paz não organizará tradicional procissão para María Corina Machado

Segundo a presidente da entidade, o conselho discorda com os "métodos" e "valores" da opositora venezuelana. Em 2012, o grupo também se manifestou contrário à entrega do Prêmio Nobel da Paz para a União Europeia.
Conselho Norueguês da Paz não organizará tradicional procissão para María Corina MachadoGettyimages.ru / Sergei Gapon/Anadolu

O Conselho Noruguês da Paz comunicou que, após um "processo de consulta completo" entre suas 17 organizações-membros, não organizará a tradicional procissão de tochas para a vencedora do Prêmio Nobel da Paz deste ano, a opositora venezuelana María Corina Machado, informou a imprensa local nesta sexta-feira (24).

A decisão da entidade, composta por cerca de 15.000 ativistas, envolve discordâncias quanto aos "métodos" e "valores" de Machado. Durante sua trajetória na Venezuela, a política já defendeu sanções e intervenção militar estrangeira contra o próprio país para derrubar o atual governo.

"Alguns de seus métodos não estão alinhados com nossos princípios e valores ou os de nossos membros, e especialmente que o diálogo e os métodos não violentos devem ser promovidos", afirmou a presidente Eline H. Lorentzen ao veículo norueguês VG.

A representante declarou que o grupo possui grande respeito pelo Comitê Nobel e pelo Prêmio da Paz, mas que precisa ser fiel aos seus próprios princípios e ao movimento pela paz que representam.

Normalmente, a procissão de tochas coincide com a entrega da premiação ao vencedor, em Oslo, capital da Noruega. Neste ano, a cerimônia ocorrerá no dia 10 de dezembro. A presidente da  Norwegian Venezuelan Justice Alliance, Sonia Zapata, confirmou ao VG que o grupo assumirá a organização da marcha com tochas na ocasião.

Conselho protestou contra a UE em 2012

Não é a primeira vez que o Conselho Norueguês da Paz cancela a procissão como forma de protesto ao vencedor do Nobel da Paz. Em 2012, a União Europeia foi premiada por "ao longo de seis décadas contribuir para o avanço da paz e da reconciliação, da democracia e dos direitos humanos na Europa". 

O grupo norueguês e outras organizações ignoraram a celebração naquele ano, criticando o bloco europeu por manter um grande exército, enquanto sua população sofria com uma recessão econômica no período.

Na ocasião, três vencedores anteriores da premiação se manifestaram contra a entrega do prêmio a Bruxelas:

  • O arcebispo Desmond Tutu, vencedor do prêmio em 1984 por sua campanha contra o Apartheid sul-africano;
  • A ativista pacifista britânica Mairead Corrigan, por suas marchas "Mulheres pela Paz" durante os conflitos na Irlanda do Norte;
  • E o arquiteto e ativista argentino Adolfo Perez Esquivel, por sua defesa dos direitos humanos durante a ditadura argentina.

As personalidades criticaram a entrega do Nobel a uma organização baseada na "força militar". Segundo eles, o bloco tolera "a segurança baseada na força militar e na guerra, em vez de insistir na necessidade de uma abordagem alternativa", acrescentando que ela não conseguiu "concretizar a ordem de paz global desmilitarizada de Nobel".