
Padres cometeram cerca de 4,4 mil casos de abuso sexual contra menores na Itália, denuncia entidade

Mais de 4 mil pessoas foram vítimas de abuso sexual por padres católicos na Itália desde 2020, segundo levantamento da Rete l’Abuso, a maior associação em prol de vítimas de abusos cometidos pela Igreja no país. A reportagem foi dada pela agência Reuters e republicada pela entidade nesta sexta-feira (24).
A contagem não oficial da Rete l’Abuso é baseada em relatos de vítimas, fontes judiciais e casos reportados pela mídia, segundo Francesco Zanardi, fundador da associação. O relatório registra 4.625 vítimas, das quais 4.395 foram abusadas por padres. Do total, 4.451 eram menores de 18 anos na época dos crimes e 4.108 eram homens. Entre as vítimas também figuram cinco freiras, 156 adultos vulneráveis e 11 pessoas com deficiência.

A entidade informou ainda que, dos 1.106 padres identificados de cometerem os crimes, apenas 76 passaram por algum tipo de julgamento interno da Igreja. Entre eles, 17 foram suspensos temporariamente, sete transferidos para outras paróquias e 18 destituídos ou renunciantes ao sacerdócio. Cinco dos investigados cometeram suicídio, acrescentou a Rete l’Abuso.
Igreja não se pronunciou
A Conferência Episcopal Italiana (CEI) não comentou a reportagem mesmo após críticas recentes da comissão de proteção à criança do Vaticano. O Papa Leão XIV, que se encontrou com sobreviventes de abuso sexual pela primeira vez nesta semana, pediu aos novos bispos que não ocultem denúncias de má conduta.
A Igreja Católica global enfrenta há décadas escândalos envolvendo padres pedófilos e o acobertamento de crimes, mas, na Itália, líderes locais têm demonstrado menos transparência ao abordarem a questão.
