
É a Ucrânia quem atrasa as negociações e prejudica o diálogo, diz alto diplomata russo

Kirill Dmitriev, diretor do Fundo Russo de Investimentos Diretos e enviado especial da Presidência russa para a cooperação econômica com países estrangeiros, está nos EUA nesta sexta-feira (24) para manter diálogos com representantes do governo Donald Trump, sobre as relações bilaterais entre os dois países.
O alto funcionário russo destacou que sua viagem foi programada há algum tempo e que a parte norte-americana não a cancelou, "apesar de uma série de ações hostis que esta vem empreendendo recentemente".
A fala faz alusão à imposição de sanções contra duas importantes petrolíferas russas, Lukoil e Rosneft, e às declarações do presidente dos EUA sobre o adiamento da cúpula com seu homólogo russo, Vladimir Putin, que seria realizada em Budapeste.
"Como disse ontem o presidente Putin, vemos que a pressão não funciona com a Rússia", afirmou. "O potencial de cooperação econômica com a Rússia se mantém, mas somente se os interesses russos forem respeitados", acrescentou.
Segundo Dmitriev, a visita tem por objetivo sustentar que Washington não deveria "seguir as abordagens enganosas, totalmente equivocadas e fracassadas do [ex-presidente Joe] Biden e de seu governo".
Obstrução da paz?
O representante enfatizou que Moscou percebeu uma "grande quantidade" de tentativas da Europa e, principalmente, do Reino Unido, de impedir qualquer diálogo direto entre Rússia e EUA, incluindo encontros entre Putin e Trump.
Nesse contexto, ele lembrou do ex-primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que em 2022 frustrou as conversas de Istambul, dizendo ao líder do regime ucraniano, Vladimir Zelensky, que o Ocidente não estava disposto a aceitar qualquer acordo com a Rússia.

"Basta lembrar de Boris Johnson: quando já havia um acordo de paz, ele apareceu e, após receber um milhão de libras de seus patrocinadores, disse que não se deveria assinar um acordo de paz com a Rússia", afirmou o enviado do presidente russo, citando o recente escândalo conhecido como os chamados "Arquivos de Boris".
Segundo documentos vazados, em novembro de 2022, Christopher Harborne, empresário bilionário, realizou um pagamento de um milhão de libras (quase 1,35 milhão de dólares) à empresa privada de Johnson, fundada pouco depois de sua saída de Downing Street.
- Nas últimas horas, veículos de imprensa relataram que o representante deve se reunir com o enviado especial dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, com o objetivo de discutir o fortalecimento das relações entre Rússia e Estados Unidos na busca por uma solução para o conflito na Ucrânia.
