O mundo precisa olhar para a experiência do Brasil para preservar suas florestas tropicais, de acordo com a revista britânica The Economist em artigo publicado na quinta-feira (23), no qual elogia as políticas ambientais do atual governo brasileiro.
Segundo a publicação, durante os dois primeiros mandatos de Lula (2003-2010) o desmatamento caiu 80% em relação aos anos anteriores e voltou a diminuir em 2023, antes do aumento dos incêndios florestais.
"Embora o Brasil tenha perdido mais floresta tropical do que qualquer outro país no ano passado, devido aos incêndios florestais, isso também mostra como políticas melhores podem fazer a diferença", observou a revista.
O que o Brasil pode ensinar?
A experiência brasileira oferece lições importantes a outros países em áreas como proteção de terras indígenas, parceria com comunidades locais, definição de direitos de propriedade e uso de tecnologia para monitoramento ambiental, destacou a publicação.
"Todas essas lições devem ser aplicadas em outros países com florestas tropicais", destacou o texto.
A revista observa, no entanto, que muitas nações tropicais, como a República Democrática do Congo, enfrentam desafios maiores devido à fragilidade de suas instituições, o que dificulta a adoção de políticas semelhantes às brasileiras.
A falta de financiamento internacional também é apontada como obstáculo central. Segundo a reportagem, "os países ricos se ressentiram da ajuda", e os doadores podem "ter receios" quando os governos que pedem recursos são "corruptos ou repressivos".
Cenário global preocupante
Em 2024, cerca de 67 mil km² de floresta tropical virgem foram destruídos, o equivalente à área da Irlanda e quase o dobro do registrado em 2023.
A meta global de acabar com o desmatamento até 2030, definida na COP de 2021, está distante. As perdas florestais tropicais no ano passado liberaram 3,1 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa, superando as emissões anuais da Índia provenientes de combustíveis fósseis.
Estudos citados pela revista estimam que os custos sociais do desmatamento na Amazônia sejam 30 vezes maiores que os ganhos da pecuária, mas o desequilíbrio persiste: "esses custos, incluindo o agravamento das mudanças climáticas, são distribuídos por toda a população mundial, enquanto os lucros do corte das árvores vão para os homens que comandam as motosserras", destacou o The Economist.