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Comunidade brasileira no Japão teme xenofobia após vitória de Sanae Takaichi

A escolha da nova premiê do país intensifica o debate sobre imigração e aumenta as tensões sociais em meio à crescente influência ultranacionalista.
Comunidade brasileira no Japão teme xenofobia após vitória de Sanae TakaichiGettyimages.ru / Oleksii Liskonih

A eleição da conservadora Sanae Takaichi, do Partido Liberal Democrático (PLD), como primeira-ministra do Japão está causando preocupações entre a comunidade brasileira no país.

Primeira mulher a ocupar o cargo, Takaichi foi eleita nesta terça-feira (21) em meio a escândalos no PLD, mas com apoio do Partido da Inovação, que lhe garantiu maioria simples nas duas câmaras.

Durante a campanha, a imigração foi uma de suas principais bandeiras. Segundo o g1, o período eleitoral coincidiu com aumento nos casos de discriminação.

O número de estrangeiros no Japão cresceu 5% em 2025, chegando a 3,96 milhões, o que representa 3% da população. Os brasileiros formam o sétimo maior grupo estrangeiro, mais de 210 mil residentes, o maior entre não asiáticos.

Apesar do discurso nacionalista, o país enfrenta escassez de mão de obra. O governo quer atrair 820 mil trabalhadores em cinco anos por meio de vistos de habilidades específicas, já usados por mais de 300 mil imigrantes. Prefeitos e governadores de regiões com grande presença estrangeira pedem regras mais flexíveis para evitar prejuízos econômicos.

Xenofobia e discurso anti-imigração

Em julho, o partido ultranacionalista Sanseito, com o lema "Japan First", conquistou 14 cadeiras na Câmara Alta, passando de uma para quinze cadeiras.

Em reação, o Movimento Brasileiros Emigrados (MBE) e 1.159 entidades divulgaram uma nota alertando sobre o incitamento à xenofobia. O caso do engenheiro brasileiro Sakai, que teve dificuldade para alugar imóvel apesar de ser filho de japonês e fluente no idioma, ilustra o problema.

Mesmo com as fake news nas redes sociais reforçando estereótipos negativos, especialistas apontam que imigrantes são vitais para conter a queda populacional