
Ativistas ambientais consideram imprescindível a participação de comunidades tradicionais na COP30

Durante o evento "COP30 e os Conflitos do Clima: REDD+, Mineração e as Lutas por Justiça Racial e de Gênero", realizado na segunda-feira (20) no Rio de Janeiro, especialistas afirmaram ser imprescindível a participação das comunidades tradicionais nas decisões que os afetam.

Na oportunidade, Natália Nascimento, da Associação dos Moradores do Baixo Riozinho (Asmobri), relatou que ribeirinhos do Médio Rio Juruá, na Amazônia, foram forçados a assinar, sem compreensão textual plena, contratos de créditos de carbono. O acordo permite que empresas comprem "pontos" de emissões de grupos que reduzem ou não emitem gases poluentes, equilibrando suas emissões:
"Imagine você assinar um contrato que você não entende nada, que você não sabe o que está escrito e você perder a sua terra por causa disso", declarou Natália.
No caso da Asmobri, foi prometido aos ribeirinhos mais do que poderiam cumprir, comprometendo a subsistência local, o que afeta uma população vulnerável que nem sempre é incluída em discussões sobre transições energéticas. O Ministério Público Federal interviu e a comunidade aguarda uma decisão judicial.
COP, investimentos governamentais e racismo ambiental
Guilherme Carvalho, da ONG Fase – Solidariedade e Educação, acompanha os preparativos da COP30 e manifesta preocupação com a transformação de Belém (PA). Para ele, as mudanças urbanas têm como base o "racismo ambiental", o que resulta em uma "cidade‑espetáculo" com a "gourmetização"de saberes tradicionais, sem devolver nada "àqueles que realmente dependem desses conhecimentos", apenas os resíduos, descartados nas periferias sem os devidos cuidados.
Nesse sentido, os altos preços na capital paraense, já afetada por problemas de drenagem e pobreza, afetam não apenas os participantes do evento, mas também a população local mais pobre.
Embora o governo federal invista quase R$ 6 bilhões na cidade, os ativistas demandam que os benefícios do evento cheguem não apenas aos visitantes e elites, mas também às comunidades mais afetadas.

