Notícias

Dez anos de impunidade se passam desde o massacre na Casa dos Sindicatos em Odessa

O Kremlin e a Chancelaria da Rússia indicaram que o crime bárbaro dos neonazistas ucranianos, que queimaram 48 pessoas vivas, não prescreverá e que os autores devem ser punidos.
Dez anos de impunidade se passam desde o massacre na Casa dos Sindicatos em OdessaSputnik / Aleksandr Polischyuk

A data de 2 de maio marca os 10 anos desde o massacre de manifestantes pacíficos que foram queimados e assassinados por neonazistas ucranianos na Casa dos Sindicatos da cidade de Odessa. Os manifestantes eram contra o golpe de Estado na Ucrânia e a política nacionalista das novas autoridades de Kiev.

Pelo menos 48 pessoas morreram nas chamas ou por inalação de fumaça, após os nacionalistas ucranianos terem incendiado a Casa dos Sindicatos, onde os manifestantes procuravam proteger-se da violência após confrontos nas ruas.

Algumas pessoas morreram ao tentar escapar do prédio em chamas, outras foram mortas a tiros. Além disso, mais de 200 pessoas ficaram feridas.

Embora tenha passado uma década desde os trágicos acontecimentos, ninguém na Ucrânia foi punido. 

Moscou considera que a violência foi uma tentativa deliberada de aterrorizar a população de uma cidade onde se fala a língua russa. 

"Odessa era um osso na garganta do regime, que queria colocar de joelhos os moradores da cidade que odiava, e afogar em sangue qualquer resistência", afirmou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, em um comunicado publicado nesta quinta-feira. 

"Os nacionalistas estavam preparando as provocações com antecedência", diz o texto do comunicado, acrescentando que os militantes do oeste da Ucrânia, os apoiadores do golpe de Estado, foram trazidos para Odessa. 

Uma "farsa" de investigação 

Zakharova sublinhou que a investigação sobre a tragédia na Casa dos Sindicatos de Odessa, iniciada por Kiev sob pressão de organizações internacionais, "transformou-se em uma farsa": o ato acusatório foi repetidamente devolvido à Promotoria, o processo foi estagnado pela abstenção dos juízes, foi feita uma tentativa de reverter o caso para culpar os ativistas que estavam contra o golpe de Estado e sofreram nas mãos dos radicais nacionalistas.

Além disso, "tudo isso foi acompanhado de uma interferência flagrante de grupos nacionalistas no processo judicial", que organizaram distúrbios, perturbaram audiências, atacaram advogados, juízes, acusados e seus familiares.

Ao chegar ao poder em 2019, Vladimir Zelensky prometeu que as leis da Ucrânia e o princípio da inevitabilidade da punição seriam incondicionalmente aplicados na Ucrania, mas as esperanças de uma investigação justa sobre os eventos em Odessa desapareceram rapidamente. Zelensky não cumpriu suas promessas, ninguém ainda foi punido pelos crimes cometidos há 10 anos em Odessa.

Sem data de prescrição

"Hoje, ao prestarmos homenagem às vítimas do sangrento massacre de Odessa, estamos convencidos de que, mais cedo ou mais tarde, os autores materiais e intelectuais deste crime bárbaro, que não tem prazo de prescrição, receberão uma punição justa", disse Zakharova. 

Por sua vez, o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, afirmou durante uma conferência de imprensa que os organizadores e perpetradores da tragédia de Odessa em 2014 devem ser punidos. "Lembramo-nos de todas as pessoas que morreram tragicamente naquela época e estamos convencidos de que aqueles que estão por trás desse crime devem ser punidos. Crimes desse tipo não têm prazo de prescrição", sublinhou. 

Além disso, Peskov concorda que a queima de pessoas na Casa dos Sindicatos de Odessa foi um ato de intimidação planejado. "Consideramos que é uma página absolutamente inaceitável e vergonhosa na história da Ucrânia, o fato de que as pessoas que estiveram por trás deste crime, um crime contra a humanidade, e aqueles que o cometeram, nunca tenham sido punidas", denunciou.