
Chip na retina devolve parte da visão a idosos com degeneração macular

Uma nova tecnologia tem auxiliado pessoas com degeneração macular a recuperar parte da visão. O sistema, desenvolvido por cientistas da Universidade de Stanford (EUA), combina um pequeno chip implantado na retina com óculos de alta tecnologia equipados com câmera e luz infravermelha, permitindo que o cérebro reconstrua imagens que antes não eram percebidas.
A pesquisa foi publicada na revista The New England Journal of Medicine nesta segunda-feira (20). O estudo, liderado pelo físico Daniel Palanker, envolveu 32 voluntários acima de 60 anos.
O chip, chamado PRIMA, possui apenas 2 milímetros e funciona com energia solar. Ele capta as imagens registradas pelos óculos e as transforma em sinais elétricos que são enviados aos neurônios da retina.
Como a luz infravermelha é invisível ao olho humano, o implante não interfere na visão periférica que os pacientes ainda possuem.
"Os pacientes podem usar a visão protética e a periférica simultaneamente", explicou Palanker. Após um ano de uso, 27 participantes voltaram a ler e reconhecer formas, conseguindo enxergar, em média, cinco linhas a mais nos testes de visão.

Os óculos permitem ampliar o que o paciente vê em até 12 vezes e ajustar brilho e contraste, tornando a visão protética mais precisa para tarefas do dia a dia.
O oftalmologista José-Alain Sahel, da Universidade de Pittsburgh, relatou um dos casos que mais o emocionou. "Achei que meus olhos estavam mortos, e agora estão vivos novamente", contou um paciente. Cerca de dois terços dos participantes tiveram efeitos colaterais temporários, como aumento da pressão ocular, porém a maioria apresentou melhora significativa.
Segundo Francesca Cordeiro, do Imperial College London, "este é um estudo empolgante e significativo". Ela afirmou que a descoberta traz "esperança real para pacientes que antes só podiam contar com o avanço da cegueira".
Por enquanto, o sistema devolve apenas a visão em preto e branco. A equipe está atualmente trabalhando em um software que amplia os tons de cinza e melhora o reconhecimento facial. Os cientistas também testam versões mais avançadas do chip, que podem alcançar uma visão equivalente a 20/20 com o uso de zoom eletrônico.
