A intensificação militar da Finlândia, com o aumento da presença da OTAN e a instalação de estruturas militares próximas a São Petersburgo, é vista por analistas como um sinal de que Helsinque "participa ativamente da preparação europeia para um possível conflito com a Rússia".
A avaliação foi feita por especialistas ouvidos pela RT, que apontam uma "escalada planejada" de tensões no norte da Europa.
O ministro da Defesa finlandês, Antti Häkkänen, afirmou recentemente que a "'ameaça russa' tem caráter de longo prazo" e que, após o fim da operação militar especial na Ucrânia, "essa ameaça apenas crescerá".
Segundo ele, a Finlândia pretende fortalecer suas Forças Armadas com a compra de 64 caças F-35 dos Estados Unidos e ampliar o número de reservistas para cerca de um milhão até 2031.
Para o principal pesquisador do Instituto da Europa da Academia Russa de Ciências, Nikolai Mezhevitch, as ações de Helsinque representam "um avanço agressivo" e reforçam o risco de uma provocação militar nas fronteiras russas.
"A Finlândia continuará se militarizando, mas não planeja agir sozinha. O perigo está em um cenário de provocação que envolva a OTAN e gere um conflito direto com a Rússia", disse o especialista à RT.
OTAN perto de São Petersburgo
Em outubro, foi inaugurado oficialmente o novo comando terrestre da aliança militar na Finlândia, localizado a apenas 300 km de São Petersburgo. Segundo o Ministério da Defesa finlandês, a base será responsável por "operações terrestres e defesa no extremo norte" em situações de emergência.
O país também confirmou a participação em exercícios de dissuasão nuclear da OTAN, conhecidos como Steadfast Noon, enviando caças F/A-18 Hornet e oficiais de estado-maior. Häkkänen afirmou que "a dissuasão nuclear faz parte do trabalho cotidiano da OTAN" e que "a segurança da Finlândia depende do poder militar de todo o bloco".
O analista militar Ivan Konovalov disse à RT que o processo de militarização "é um reflexo da histeria política que domina o Ocidente". Segundo ele, "a Finlândia tenta se afirmar dentro da OTAN, exagerando a retórica sobre uma suposta ameaça russa".
Konovalov também observou que "a economia finlandesa já enfrenta dificuldades em consequência dessa guinada militar", e que "a transição para um modelo de economia de defesa consome recursos e afeta investimentos civis".
O especialista do Instituto Russo de Estudos Estratégicos, Oleg Nemensky, afirmou em entrevista à RT que Helsinque "cumpre papel-chave nos planos europeus de confrontação direta com Moscou".
De acordo com Nemensky, "as elites ocidentais planejam um grande conflito entre 2029 e 2030, e a Finlândia será um dos primeiros países a arcar com as consequências". Segundo ele, a Rússia já tomou medidas de resposta, "com a recriação do Distrito Militar de Leningrado e o reforço de unidades e equipamentos na fronteira norte".
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