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Juiz da Polônia defende ataque contra gasodutos Nord Stream e manda soltar suspeito de sabotagem

Na decisão, o magistrado classificou as explosões de 2022 como "justificadas, racionais e justas". O ucraniano Vladimir Zhuravliov era procurado por autoridades alemãs, que o apontava como responsável por ter instalado explosivos nas instalações de gás.
Juiz da Polônia defende ataque contra gasodutos Nord Stream e manda soltar suspeito de sabotagemAP / Czarek Sokolowski

Um tribunal da Polônia bloqueou na sexta-feira (17) a extradição para a Alemanha de um cidadão ucraniano suspeito de participar dos ataques contra os gasodutos Nord Stream, informou a agência AP.

Em 30 de setembro, Vladimir Zhuravliov, foi detido perto da capital Varsóvia. O suspeito era procurado por autoridades europeias após promotores da Alemanha o acusarem de ser um mergulhador treinado e responsável por ter colocado explosivos perto dos gasodutos.

No entanto, o tribunal polonês ordenou a libertação imediata de Zhuravliov.

Juiz defende o ataque

O juiz do caso na Polônia, Dariusz Lubowski, defendeu o ataque ocorrido em 2022 e afirmou que "a explosão de infraestruturas críticas durante uma 'guerra', uma 'guerra' justa e defensiva, não é sabotagem, mas uma ação militar".

"Estas ações não foram ilegais. Pelo contrário, foram justificadas, racionais e justas", disse, segundo afirmou a Bloomberg.

Na opinião de Lubowski, a ação não pode ser considerada um ato terrorista, já que ocorreu durante um conflito armado. Segundo o juiz, a jurisdição do tribunal alemão é limitada porque o ataque ocorreu em águas internacionais.

O advogado de Zhuravliov, Tymoteusz Paprocki, declarou que seu cliente não cometeu nenhum crime contra a Alemanha e "não entende por que estas acusações foram apresentadas pela parte alemã".

Reações em Varsóvia e Berlim

Ao comentar a decisão, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, declarou que a extradição foi negada e o indivíduo foi libertado "com razão".

"O caso está encerrado", escreveu Tusk em seu perfil na rede social X.

Na semana passada, o premiê já havia justificado o ato de terrorismo contra os Nord Stream e condenado o fato de os gasodutos terem sido construídos.

"O problema para a Europa, Ucrânia, Lituânia e Polônia não é que o Nord Stream 2 tenha sido detonado, mas que ele tenha sido construído", disse.

O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, afirmou que "respeita" a decisão do tribunal polonês, segundo informações publicadas pela imprensa alemã.

"Se foram tomadas decisões judiciais, especialmente em outros países, creio que não é competência do Executivo interferir", afirmou.

Sabotagem e terrorismo

As explosões nos gasodutos Nord Stream 1 e 2 ocorreram em 26 de setembro de 2022, desencadeando grandes vazamentos de gás no Mar Báltico.

Os governos da Dinamarca, Alemanha e Suécia se recusaram a divulgar os resultados de suas investigações sobre a ação e ignoraram os pedidos da Rússia, que pediu para auxiliar no caso, informou o New York Times à época.

Em 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou que por trás dos ataques estava alguém "capaz de organizar as explosões de forma técnica e que já recorreu a esse tipo de sabotagens", insinuando envolvimento do governo dos Estados Unidos.

Em 2023, o renomado jornalista norte-americano Seymour Hersh concluiu que a Casa Branca, sob comando do então presidente Joe Biden, estava por trás do atentado.

Outros relatórios da imprensa ocidental responsabilizaram grupos de sabotagem ucranianos pela explosão, que teriam chegado ao local do ataque em um iate chamado Andrômeda.