EUA em crise com 'droga zumbi' que causa necrose e amputações

A epidemia de "droga zumbi" que causa a putrefação da carne dos usuários continua a afligir os Estados Unidos. Conhecida como "tranq", a xilacina é um tranquilizante para animais que surgiu como narcótico em Porto Rico no início dos anos 2000 e até hoje provoca uma crise de saúde no país americano, reportou o New York Post na quarta-feira (15).

Os pacientes chegam "essencialmente mumificados ou com as extremidades autoamputadas", explica o cirurgião ortopédico Asif Ilyas, que estuda o uso de opioides na Rothman Orthopaedics e na Universidade Drexel da Filadélfia. O estado foi apontado como o epicentro da crise, onde 38% das mortes acidentais por overdose de drogas foram atribuídas à xilacina em 2023.

A xilacina reduz a liberação da norepinefrina no sistema nervoso central, uma substância que afeta o humor, como a serotonina ou a adrenalina. Esse efeito provoca uma desaceleração do ritmo cardíaco e uma diminuição da pressão sanguínea, levando o usuário a um estado de transe. A substância é frequentemente combinada com o fentanil, para intensificar o efeito sedativo da droga.

Droga 100 vezes mais mortal que fentanil é apreendida nos EUA

A redução do neurotransmissor, entretanto, pode levar a níveis perigosamente baixos do fluxo de sangue e oxigênio. Além de problemas respiratórios, a droga causa toxicidade local e contrai vasos sanguíneos, provocando morte celular e feridas abertas, apontou o cirurgião. "Eu vejo isso como um novo capítulo na crise dos opioides", reafirmou Ilyas à associação profissional American College of Surgeons (ACS).

A associação enfatizou que diversos cirurgiões do país estão focados no estudo e tratamento dos casos de necrose e amputação. "Essas feridas são tão profundas que expõem tendões e ossos, que ficam tão danificados pela osteomielite que às vezes se desintegram espontaneamente", explicou o ACS.