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'Não queremos uma guerra no Caribe ou na América do Sul', diz Maduro aos EUA

Presidente venezuelano critica política externa de Washington e pede que público americano conheça a "verdade" sobre a Venezuela.
'Não queremos uma guerra no Caribe ou na América do Sul', diz Maduro aos EUAGettyimages.ru / Alfredo Lasry R

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou nesta quarta-feira (15) que seu país não deseja "uma guerra no Caribe ou na América do Sul". A mensagem foi direcionada ao público americano, com o objetivo de que a "verdade" sobre a Venezuela seja conhecida e que o esforço de guerra promovido pelos Estados Unidos contra o país seja suspenso.

Em discurso perante o Conselho Nacional para a Soberania e a Paz, Maduro afirmou que "o primeiro a saber que isso não é verdade é o povo americano" e pediu que a opinião pública nos EUA seja informada sobre a busca da Venezuela por paz, justiça e respeito à Constituição, conforme transmitido pela imprensa local.

O presidente também criticou a política externa da Casa Branca como "supremacista", afirmando que "é uma negação da essência humana" ao ignorar valores como diálogo, harmonia, sociedade, comunidade, respeito e diversidade.

Ele também ressaltou que a humanidade sempre foi diversa, e que qualquer tentativa de impor um único modelo de pensamento ou ordem global, como acredita o governo americano, está "ultrapassada" e "fora de moda".

"Devemos lembrar que a humanidade, desde o início, desde suas raízes, sua trajetória e sua história, sempre foi diversa. [..] Portanto, se o império americano, com sua ideologia supremacista e nazista, acredita que vai nos unificar a todos com uma única forma de pensar, em uma única ordem e sob um único comando, está ultrapassado , está fora de moda", disse ele.

"Até quando haverá golpes da CIA?"

Além de reiterar seu apelo por paz na região, Maduro criticou o que considera tentativas de Washington de promover uma "mudança de regime" na Venezuela. Ele comparou essas ações a conflitos anteriores, como as "eternas guerras fracassadas no Afeganistão, Iraque e assim por diante", e lembrou golpes históricos na América Latina e no Caribe ligados à CIA.

O presidente enfatizou que a população latino-americana rejeita essas intervenções: "Não aos golpes da CIA, que tanto nos lembram as 30 mil pessoas desaparecidas nos golpes contra a Argentina, o golpe de Pinochet e os 5 mil jovens assassinados e desaparecidos. Até quando haverá golpes da CIA? A América Latina não os quer, não precisa deles e os repudia".

A declaração ocorre no mesmo dia em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ter autorizado operações secretas da CIA, justificando a decisão com alegações de que a Venezuela "esvaziou suas prisões" para enviar migrantes aos EUA e que "muitas drogas" são enviadas do país com destino aos Estados Unidos.

O chefe de Estado venezuelano ainda concluiu: "Diante da escalada diária de guerra psicológica, ameaças, notícias, declarações, vídeos e acontecimentos, há uma grande vacina: a grande vacina é a unidade nacional de todos os venezuelanos ".

Relembre

Washington realiza operações militares e bombardeios próximos à Venezuela, sob o pretexto de combater cartéis de drogas, mas Caracas questiona os reais motivos dessas ações. Em agosto, os EUA enviaram um grande contingente militar à região.

O presidente Nicolás Maduro afirmou que o país enfrenta "uma guerra multifacetada" dos Estados Unidos, incluindo "agressão armada para impor uma mudança de regime" e criar um governo "fantoche" interessado nos recursos naturais venezuelanos.

Líderes regionais e internacionais ressaltam que não há evidências que sustentem as acusações americanas contra a Venezuela.