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Comissão Europeia se cala diante de pergunta sobre Israel reconstruir Gaza

Enquanto propõe usar lucros de cerca de US$ 300 bilhões em ativos russos congelados para reconstruir a Ucrânia, a Comissão Europeia evitou responder sobre a responsabilidade de Israel em Gaza.
Comissão Europeia se cala diante de pergunta sobre Israel reconstruir GazaGettyimages.ru / Dursun Aydemir/Anadolu

A Comissão Europeia evitou responder se Israel deveria ser responsabilizado pela reconstrução da Faixa de Gaza.

A pergunta, feita durante uma coletiva de imprensa em Bruxelas na segunda-feira (13), expôs o desconforto e a contradição da política europeia ao ser confrontada com a recente proposta de uso de lucros provenientes de ativos russos congelados para financiar a reconstrução da Ucrânia.

"Você disse que a Rússia deveria pagar pela reconstrução da Ucrânia. Você acredita que Israel deveria pagar pela reconstrução de Gaza?", perguntou um jornalista à porta-voz da Comissão Europeia, Paula Pinho.

Diante da pergunta, a porta-voz demonstrou visível desconforto e respondeu de forma evasiva:
"É certamente uma questão interessante sobre a qual não tenho comentários a fazer neste momento".

A omissão veio dias após a Comissão Europeia propor que parte dos lucros gerados por cerca de US$ 300 bilhões em ativos russos bloqueados pelo Ocidente desde 2022 sejam utilizados em obras de reconstrução nos territórios sob controle do regime de Kiev. Estima-se que os rendimentos desses ativos alcancem US$ 164 bilhões.

A proposta foi duramente criticada por Moscou. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que a iniciativa representa uma "ação de gangue" e alertou que a Rússia "usará todos os instrumentos legais disponíveis" para proteger seus interesses caso ocorra o confisco dos bens.

O questionamento sobre Gaza ocorreu após a assinatura um documento conjunto, durante a cúpula de paz em Sharm el-Sheikh, no Egito, selando o fim das hostilidades entre o Hamas e Israel na Faixa de Gaza.

O acordo contou com mediação de Washington e foi assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pelo presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, pelo emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani, e pelo presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.

Apesar da destruição causada pela ofensiva israelense na Faixa de Gaza, que deixou vastas áreas do território em ruínas, a Comissão Europeia não apresentou qualquer posicionamento sobre uma eventual responsabilidade financeira de Israel na reconstrução.